Entre os migrantes resgatados estão mulheres grávidas e menores desacompanhados
De acordo com informações divulgadas pelas ONGs SOS Mediterrâneo e Médicos Sem Fronteiras (MSF) nessa sexta-feira, 2, os 727 migrantes a bordo de navios das duas organizações aguardam há pelo menos oito dias por um desembarque em algum porto do Mediterrâneo, depois de terem sido resgatados no mar.
De acordo com a SOS Mediterrâneo, “460 pessoas, entre elas mulheres, crianças, bebês e homens continuam presos no limbo, à espera de desembarcar”. De acordo com a ONG, dona do navio humanitário Ocean Viking, alguns dos resgatados precisam de “cuidados médicos urgentes”. A atual operação da SOS Mediterrâneo é realizada em parceria com o Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, que prestam cuidados médicos aos resgatados.
A ONG afirmou, ainda, que a equipe a bordo do Ocean Viking não consegue responder ao grande número de casos que precisam de assistência médica, que incluem exaustão, desidratação, infecções, feridas mal tratadas e doenças crônicas. Duas mulheres grávidas de nove meses e seus familiares, que incluíam duas crianças – sendo uma delas uma bebê de apenas três semanas – precisaram ser retiradas do navio com urgência.
“Nunca tínhamos registado um número tão grande de casos médicos graves a bordo do Ocean Viking. Os sobreviventes foram encontrados no meio do mar em situações inimagináveis, numa tentativa desesperada para se salvarem em fuga da Líbia”, disse Xavier Lauth, Diretor de Operações da SOS Mediterrâneo.
No total, o Ocean Viking, da SOS Mediterranée, resgatou 466 migrantes em dez operações entre 25 e 27 de agosto. Entre os sobreviventes estão mais de 20 mulheres adultas, entre elas algumas grávidas, e mais de 80 menores, 75% deles desacompanhados.
Além disso, o barco Geo Barents, da ONG Médicos Sem Fronteiras, espera há mais de uma semana para atracar e desembarcar os 267 migrantes que tem a bordo e que foram resgatados do mar no fim de semana passado. De acordo com a ONG, pelo menos 7 pedidos de desembarque já foram feitos à Itália e Malta, sem resposta.
“Entre os sobreviventes que aguardam desesperadamente para desembarcar está Omar, de 10 anos, que viajou sozinho desde os Camarões. Passou seis meses na Líbia em condições sub-humanas e dois dias no mar antes de ser resgatado. Por ele e todos os outros, não podemos esperar mais”, escreveu a MSF em uma rede social.
De acordo com autoridades italianas, na noite passada chegaram à ilha de Lampedusa, a mais próxima das costas africanas, 68 pessoas em dois barcos diferentes, depois de 330 chegadas na quinta-feira passada.
Desde janeiro de 2022, já chegaram às costas italianas 58.451 migrantes. No mesmo período de 2021, foram registradas 39.478 pessoas, segundo dados do Governo da Itália atualizados hoje. De acordo com estimativas do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), pelo menos 1.000 migrantes morreram ou desapareceram no Mediterrâneo tentando chegar à Europa em 2022.
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação Virtual