Recentemente, 59 migrantes rohingya, em fuga de Mianmar, foram detidos na Tailândia, sob acusação de entrada ilegal
Em relatório divulgado na terça-feira, 7, a diretora da ONG Human Rigts Watch (HRW) para a Ásia, Elaine Pearson, pediu à Tailândia que acolha e ajude os migrante rohingya, que chegam de Mianmar, ao invés de detê-los ou impedir sua entrada no país.
De acordo com o relatório, o governo do primeiro-ministro tailandês Prayut Chan-ocha tem mantido cerca de 470 rohingyas presos por tempo indeterminado no país. “O governo tailandês deve pôr um fim à política de prender sumariamente os rohingyas resgatados e atirar as chaves para um canto”, afirma o relatório.
No dia 4 de maio, a Marinha da Tailândia encontrou e deteve um grupo de 59 rohingyas, que incluía cinco menores e 23 mulheres, que foram abandonados por traficantes na ilha de Koh Dong, no sul do país, enquanto tentavam chegar à Malásia. Os rohingyas, minoria muçulmana em Mianmar, país de maioria budista, fogem da repressão violenta a que são submetidos.
A polícia tailandesa disse, em comunicado, que os rohingyas foram indiciados por entrada ilegal no país e que poderiam ser expulsos de volta para Mianmar ao término do processo judicial. “Oferecemos ajuda humanitária e vamos investigar para saber se foram vítimas de tráfico humano ou se entraram ilegalmente”, acrescentou a corporação.
Ainda de acordo com o relatório da HRW, a Marinha tailandesa já garantiu que irá apreender qualquer barco que conseguir chegar às costas do país e prender os homens, mulheres e crianças a bordo sob acusações de entrada ilegal. “Isso equivale a uma continuação da política de repressão mortal da Tailândia, que resultou no desaparecimento de barcos rohingya em alto mar e na morte de pessoas”, disse a ONG.
Segundo a HRW, há anos a Tailândia diz que não quer aceitar os rohingyas como refugiados, mas, de acordo com o direito internacional, não pode rejeitar sumariamente os requerentes de asilo antes de fazer “uma avaliação completa e justa”.
A situação dos rohingyas tem piorado desde 2017, quando uma operação militar no estado de Rakhine, oeste de Myanmar, provocou milhares de mortes e o êxodo de pelo menos 725 mil membros da minoria muçulmana para Bangladesh.
De acordo com investigadores da ONU, a operação foi “uma limpeza étnica com traços de genocídio”, pela qual generais de Mianmar enfrentam acusações perante o Tribunal Penal Internacional, em Haia.