A denúncia foi feita em Londres e conta com a participação de diversos grupos de defesa de migrantes
A Organização das Nações Unidas acusou o governo britânico de falta de honestidade em seus planos de expulsar para Ruanda os migrantes que chegaram clandestinamente ao país, nesta sexta-feira, 10, durante uma visita judicial a Londres poucos dias antes do primeiro voo de expulsão, que está previsto para o dia 14 de junho.
Laura Dubinsky, representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), afirmou, durante a visita, que a agência está preocupada pelo risco de “danos graves e irreparáveis” aos refugiados enviados a Ruanda. “ACNUR não concorda com o pacto entre o Reino Unido e Ruanda, apesar das afirmações da ministra em sentido contrário”, disse.
A nova e polêmica lei britânica prevê enviar os solicitantes de asilo que chegaram ilegalmente ao Reino Unido a Ruanda, país da África Oriental, a partir de junho. A Alta Corte de Londres analisou o projeto nesta sexta-feira, denunciado por diversos grupos de defesa dos direitos humanos e que, segundo o governo de Boris Johnson, busca dissuadir o crescente número de pessoas que cruzam ilegalmente o Canal da Mancha e acabar com as atividades dos traficantes de pessoas.
Um sindicato e duas ONGs, Care4Calais e Detention Action, apresentaram na quarta-feira, 8, um recurso legal urgente, junto com quatro solicitantes do asilo ameaçados de expulsão, para bloquear seu envio a Ruanda. Segundo a Care4Calais, 35 sudaneses, 18 sírios, 14 iranianos, 11 egípcios e 9 afegãos que fugiram dos talibãs estão entre os mais de 130 notificados de sua possível expulsão a partir de 14 de junho. Pelo menos 90 migrantes já apresentaram recursos judiciais para permanecer no Reino Unido.