Em sua Mensagem para o 110º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, Francisco recorda a XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que aprofundou “a sinodalidade vista como vocação originária da Igreja”. Ele destaca que “a ênfase posta na sua dimensão sinodal permite à Igreja descobrir a sua natureza itinerante de povo de Deus em caminho na história” e recorda a narração bíblica do êxodo, “uma longa viagem da escravidão para a liberdade, que prefigura a da Igreja rumo ao encontro final com o Senhor.”
O texto ressalta que é possível ver nos migrantes, não apenas do nosso tempo, mas de todas as épocas, uma “imagem viva do povo de Deus em caminho rumo à Pátria eterna”. O pontífice destaca que, assim como o povo de Israel na narração do êxodo, os migrantes frequentemente fogem de situações de opressão, abuso, insegurança, discriminação, de falta de perspectivas de progresso. “Como os hebreus no deserto, os migrantes encontram muitos obstáculos no seu caminho”, afirma Francisco, pontuando que são provados pela fome e sede, pela exaustão e sentem-se tentados pelo desespero.
Francisco lembra que a realidade fundamental do êxodo é que “Deus precede e acompanha o caminho do seu povo, dos seus filhos de todo o tempo e lugar”. Ele destaca que muitos migrantes experimentam Deus companheiro de viagem, se confiando a Ele antes de partir e a Ele recorrendo em situações de necessidade. “Graças a Ele, há bons samaritanos ao longo da estrada. Na oração, confiam a Ele as suas esperanças. Quantas bíblias, evangelhos, livros de orações e terços acompanham os migrantes nas suas viagens através dos desertos, rios e mares e das fronteiras de cada continente!”, afirma.
“Deus caminha não só com o seu povo, mas também no seu povo, enquanto Se identifica com os homens e as mulheres que caminham na história – particularmente com os últimos, os pobres, os marginalizados –, prolongando de certo modo o mistério da Encarnação”, sublinha o Papa, que afirma que o encontro com o migrante é, também, o encontro com Cristo.
A Superiora Geral das Scalabrinianas, Ir. Neusa de Fátima Mariano, enviou uma mensagem às Irmãs, Formandas e Leigos em celebração ao 110º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado.
No texto, Ir. Neusa convida todos, a partir da mensagem do Papa Francisco, “a caminhar juntos em dinâmica sinodal, superando os obstáculos e ameaças, para chegar à verdadeira pátria”. Ela destaca que, “durante o caminho, onde quer que estejamos, é fundamental reconhecer a presença de Deus que caminha com o seu povo, garantindo-lhe orientação e proteção em cada passo. A nossa missão é reconhecer, acolher e servir o Senhor presente no seu povo e em cada migrante.”
A Superiora Geral exorta a pedir ao Senhor que, por intercessão de São João Batista Scalabrini, da bem-aventurada Assunta Marchetti, do venerável Pe. José Marchetti e de São Carlos Borromeo, “nos inspire a responder aos apelos apresentados pelo Papa Francisco em sua mensagem para este dia, como sinal de nosso compromisso na Igreja no serviço evangélico e missionário aos migrantes e refugiados.”
O Dia Mundial do Migrante e do Refugiado foi instituído em 6 de dezembro de 1914, pelo Papa Bento XV. Nesse mesmo ano, a Congregação Consistorial enviou aos Ordinários diocesanos italianos a carta circular “A dor e as preocupações” (“Il dolore e le preoccupazioni”), em que pedia, pela primeira vez, que se instituísse um Dia anual de sensibilização e, depois, de recolha de fundos em favor das obras pastorais para os emigrantes italianos e para o sustento económico de um Colégio para a preparação dos missionários da emigração.
A Congregação Consistorial fixou a data da celebração, para a Itália, no primeiro domingo da Quaresma e a primeira celebração aconteceu em 21 de fevereiro de 1915. Mais tarde, em 1928, a mesma Congregação transferiu-a para o primeiro domingo do Advento.
A Constituição Apostólica Exsul Familia, de 1952, recomendou que fosse celebrado um dia anual “pelos emigrantes”, que abrangesse, além dos italianos, os migrantes “de outras nacionalidades ou línguas” e que fosse realizado em todo o mundo, no primeiro domingo do Advento.
A Instrução De pastorali migratorum cura, de 1969, reforçou a importância do “Dia do migrante” a nível mundial e para todos os migrantes.
A Instrução Erga migrantes caritas Christi, de 2004, confirmou a extensão do Dia também aos refugiados, estabelecendo que as Conferências Episcopais fixassem um dia ou semana do Migrante e do Refugiado conforme as circunstâncias locais, “embora, para o futuro, se almeje uma data única para a celebração em todo o mundo”.
Por fim, o Papa João Paulo II fixou o Dia para toda a Igreja no “primeiro domingo depois da Epifania, quando esta é transferida para o domingo, e no segundo domingo depois da Epifania, quando esta permanece a 6 de janeiro”, na prática o primeiro domingo depois do Batismo de Jesus.
Em 2019, o Papa Francisco transferiu o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado para o último domingo de setembro, como forma de dar maior destaque ao evento e assegurar uma maior participação da comunidade católica.
Em 2023, a Mensagem do Papa Francisco teve como tema “Livres de escolher se migrar ou ficar”. O texto destaca a importância de garantir que a migração seja uma escolha livre, não forçada por guerras, desastres ou pobreza e enfatiza, ainda, a necessidade de criar condições para que todos possam viver com dignidade em suas terras natais, abordando as causas das migrações forçadas e promovendo a solidariedade global. Ele chama, ainda a acolher e promover os migrantes, vendo neles a figura de Cristo.
“Construir o futuro com os migrantes e os refugiados” foi o tema da Mensagem do Papa para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado de 2022, que foca na construção de um futuro inclusivo com migrantes e refugiados. Francisco destaca no texto que o Reino de Deus é inclusivo e que a contribuição dos migrantes é essencial para o crescimento das comunidades. Ele enfatiza, ainda, a importância de acolher e valorizar os dons que essas pessoas trazem, promovendo a justiça, fraternidade e paz.
Em 2021, “Rumo a um nós cada vez maior” foi o tema da Mensagem do Papa Francisco, que reforçou a importância de construir uma humanidade inclusiva, derrubando muros e promovendo um espírito de fraternidade universal. Ele chama tanto os fiéis católicos quanto toda a humanidade a trabalhar juntos para acolher migrantes e refugiados, enriquecendo as comunidades e promovendo a paz.
“Forçados, como Jesus Cristo, a fugir” foi o tema da Mensagem do Papa de 2020, destacando a situação dos deslocados internos, que frequentemente sofrem em silêncio, exacerbada pela pandemia de COVID-19. No texto, o Papa sublinha a necessidade de acolher, proteger, promover e integrar essas pessoas, reconhecendo nelas o rosto de Cristo e agindo com compaixão e solidariedade.
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