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130 anos em entrevista: Sementes de vocação em solo africano

No ano em que celebramos os 130 anos da fundação da Congregação das Irmãs Scalabrinianas e da chegada de Madre Assunta Marchetti ao Brasil, traremos uma série de entrevistas para conhecer a realidade da missão das Scalabrinianas na Província Maria, Mãe dos Migrantes.

Para responder aos apelos da Igreja e da Congregação de motivar e sensibilizar os jovens no compromisso de sua missão na Igreja e com o carisma scalabriniano, a Animação Vocacional tem o objetivo de dinamizar espaços de encontro com a pessoa de Jesus Cristo Peregrino, a partir da cultura vocacional missionária, sensibilizando para a realidade migratória e a construção do projeto de vida.

Para conhecer mais sobre a realidade da Animação Vocacional em solo africano, o Serviço de Comunicação conversou com a Ir. Jenie Patricia Acosta, Animadora Vocacional que vive na Comunidade Maria Mamana Wa Fambi, em Maputo, Moçambique.

Confira a entrevista.

Com que público a senhora trabalha em sua missão?

Ir. Jenie Acosta: Trabalho com jovens, Comunidade Eclesial e Postulantes de diferentes Congregações Religiosas na Conferência dos Institutos Religiosos de Moçambique.

Quais são os principais desafios e alegrias que encontra em sua missão?

Ir. Jenie Acosta: As minhas maiores alegrias são: acompanhar as pessoas na fé e no caminho da esperança; ver frutos pequenos, mas significativos, do trabalho pastoral; partilhar a vida com as comunidades, aprendendo da sua cultura e da sua fé; sentir que a missão fortalece também a própria vocação; a experiência de fraternidade com outros consagrados e leigos comprometidos; e a certeza de que, apesar das dificuldades, Deus está presente e atua.

Os desafios são: a escassez de recursos materiais e humanos para responder a tantas necessidades; a situação social e económica que muitas vezes limita os projectos pastorais; as longas distâncias e a dificuldade de transporte em algumas regiões; a indiferença religiosa ou a perda de sentido de pertença eclesial em alguns jovens; manter viva a esperança em meio de realidades de sofrimento (pobreza, migração, violência); cuidar do equilíbrio interior e espiritual em meio de tantas exigências.

Como é o dia-a-dia do trabalho na missão?

Ir. Jenie Acosta: Começo o meu dia com a oração da manhã em comunidade, momento que me fortalece na fé e é muito significativo para o cultivo da minha vocação. Em seguida, partilhamos o pão, oportunidade de partilhar a vida e estreitar os laços comunitários.

Todas as segundas-feiras tenho aulas com os postulantes no Instituto Superior Mãe de África (ISMMA), o que me permite estar próxima da realidade juvenil e acompanhar quem está em discernimento vocacional. Durante a semana, trabalho na secretaria dos Institutos Religiosos de Moçambique (CIRMO) e, pelas tardes, me dedico a preparar materiais para o trabalho com os jovens.

Também faço parte da Comissão Arquidiocesana da Pastoral das Vocações, onde integro a Equipe de Comunicação. Uma vez por mês, tenho a oportunidade de acompanhar entre 8 e 10 jovens em Ressano Garcia. Desde maio, visito os núcleos da Paróquia Mártires de Uganda, conversando sobre diferentes vocações na Igreja e desenvolvendo várias atividades que me ajudam a viver melhor a minha vocação, em favor da Congregação e da Igreja local.

Como a espiritualidade Scalabriniana se reflete no seu trabalho cotidiano?

Ir. Jenie Acosta: A espiritualidade scalabriniana se manifesta na oração da manhã e na partilha do pão, que fortalecem a minha vida comunitária e a fraternidade. No contato com jovens postulantes e vocacionados, seja no ISMMA, na pastoral arquidiocesana ou nas visitas às comunidades, procuro ser presença de esperança e proximidade. No serviço à CIRMO e nas atividades pastorais, vivo o carisma como ponte de comunhão, colocando a minha vocação ao serviço da Congregação, da Igreja local e da vida comunitária. Assim, a cada dia testemunho que somos todos peregrinos da esperança.

Existe alguma colaboração com outras organizações ou entidades?

Ir. Jenie Acosta: Sim, com a Igreja local, na Pastoral Arquidiocesana das Vocações Trabalhamos, também, com várias Congregações Religiosas na Conferência dos Institutos Religiosos de Moçambique (CIRMO).

Há alguma história que tenha marcado sua trajetória?

Ir. Jenie Acosta: Sim, durante estes 14 anos de consagração religiosa como Missionária Scalabriniana, tive a graça de viver experiências muito marcantes que moldaram a minha trajetória missionária.

Quando estava em missão no Brasil, atuei na educação como professora de espanhol no ensino fundamental e na pastoral educacional das escolas, ao mesmo tempo em que desempenhava funções administrativas. Na Colômbia, me dediquei à animação vocacional, experiência que deixou profunda marca na minha vida, e participei ativamente no trabalho intercongregacional, acompanhando jovens em diferentes áreas.

Atualmente, em Maputo, Moçambique, percebo claramente o desejo que os jovens têm de serem ouvidos e valorizados, e admiro a sua criatividade e sentido de sobrevivência. A minha visita às jovens vocacionadas em agosto foi marcada pela calorosa acolhida das famílias, que ofereceram o melhor de si para me fazer sentir bem. Este gesto, tão forte no carisma scalabriniano, me encheu de alegria, esperança e ânimo para continuar a missão de acompanhar os jovens dispostos a responder ao chamado de Deus, fortalecendo a minha vocação e servindo a Congregação e a Igreja local.

Quais são os maiores frutos do seu trabalho na animação vocacional?

Ir. Jenie Acosta: Sinto com muita alegria que um dos frutos mais significativos da missão é o fortalecimento da minha perseverança na vocação. Cada experiência confirma cada vez mais o meu chamado e inspira-me a entregar-me com generosidade à missão. Me sentindo acompanhada, consigo acompanhar melhor as jovens que se aproximam em busca de discernimento vocacional, partilhando com elas presença, escuta e orientação.

O que significa para a senhora viver os 130 anos da fundação da Congregação em sua missão?

Ir. Jenie Acosta: Viver os 130 anos da fundação da Congregação é para mim motivo de gratidão e compromisso. Gratidão pela história e pelo testemunho das irmãs que nos precederam e abriram caminhos na missão. Compromisso em continuar a levar adiante o carisma scalabriniano, servindo com alegria os migrantes, os jovens e a Igreja local, com a certeza de que somos parte de uma grande família enviada a ser sinal de esperança no mundo.

Como dizia Madre Assunta: “O bom Deus nos deu um sinal visível de sua admirável proteção.” Esta frase nos inspira a confiar na providência de Deus e a seguir adiante na missão com coragem e fé.

Do Serviço de Comunicação

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