A Missão na Diocese do Uíje, no norte de Angola, foi iniciada em 2012, quando a então Província Cristo Rei, de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, hoje PMMM, estendeu sua atuação missionária a partir de Luanda para a região. Nessa missão, foi confiada às Irmãs Scalabrinianas a Coordenação Diocesana da Pastoral das Migrações e a Direção Diocesana da Caritas do Uíje. A partir de 2014 temos também a casa de formação para candidatas à Vida Religiosa. Para compreender nossas atividades na região é necessário conhecer, também, a realidade na qual vivemos.
Uíge é uma das Províncias mais pobres de Angola, sofrendo ainda com as consequências dos longos anos das guerras da independência e civil e questões políticas. A indústria na região é quase nula, e por conseguinte, a população sofre com a total falta de emprego, além de todas as suas consequências sociais. O comércio em sua grande parte é informal, exercido, sobretudo, por mulheres e jovens, em praças e ruas sem condições adequadas de higiene.
A agricultura, em grande parte é feita para o sustento familiar, exercida em quase sua totalidade com enxada e catana, mesmo a Província tendo clima e condições naturais favoráveis ao desenvolvimento de uma agricultura mecanizada e comercial. Para isto, faltam, porém, as condições materiais e infraestruturais mínimas. Além disso, o escoamento da produção é dificultado pelo difícil acesso e pela falta meios para tal.
A educação na região deixa muito a desejar no desenvolvimento intelectual, humano e profissional das crianças e jovens. A assistência à saúde no Uíge também é bastante precária. Por ter um grande número de habitantes, Uíge é a Província de Angola com o maior número de doentes e mortos por malária.
Além disso, por sua extensa fronteira com a República Democrática do Congo (RDC), estão presentes na Província do Uíge muitos retornados angolanos e imigrantes congoleses, bem como originários de outros países africanos, além dos migrantes internos que procuram a capital para assistência social, busca de emprego e de saúde; no entanto, há, também, o caminho inverso, com pessoas que abandonam Uíge em busca de emprego em outras Províncias.
O que realiza
Caritas Diocesana do Uíje
A Caritas Diocesana do Uíje foi fundada em 29 de agosto de 1970. O primeiro trabalho do programa de emergência desenvolvido pela Caritas Diocesana abrangeu foram os 1.800 refugiados da guerra que assolava o país e um grupo de leprosos de uma localidade do interior do Uíge.
Durante os 27 anos da guerra (1975-2002), bem como no tempo de paz, a Caritas Diocesana desenvolveu um vasto programa de trabalho, subdividido em diferentes setores sociais, tais como: o Setor de Formação, Alfabetização, Saúde, Projeto Angotrip, (para erradicar a doença do sono), Agricultura, Transporte, Comunicação, Migrações, entre outros.
Com a chegada das Irmãs Scalabrinianas na Diocese do Uíje em 2012, foi confiada a nós a Direção Diocesana da Caritas, cujo trabalho inicial foi de acolher e integrar na sociedade os inúmeros angolanos provenientes da RDC, após o exilio, seja num retorno compulsivo ou, como aconteceu mais tarde, voluntário, o que ainda acontece atualmente.
Entre as atividades atuais da Caritas destacam-se:
– A organização, coordenação e dinamização da Caritas para que concretize sua missão, através das atividades sociais e formação do sentido comunitário da solidariedade;
– Apoio e coordenação das pastorais sociais da Diocese;
– A formação, criação e dinamização das lideranças locais, isto é, as Caritas Paroquiais ou nas comunidades maiores, que têm como objetivo principal o atendimento e promoção dos necessitados da própria comunidade e despertar a solidariedade comunitária; na capital, há um número de aproximadamente 612 pessoas atendidas, entre mulheres, crianças e idosos; atualmente temos 19 Caritas locais formadas e atuando; As coordenações e membros são voluntários, totalizando aproximadamente 80 pessoas, entre adultos e jovens que se dedicam aos mais necessitados em suas comunidades;
– Os projetos agrícolas comunitários em seis aldeias totalizando 224 famílias atendidas, com o objetivo de educar para a solidariedade, o trabalho técnico e formação de cooperativas agrícolas, evitando a migração interna; entre os participantes se encontram retornados e imigrantes congoleses;
– O projeto com crianças menos favorecidas que, através do Reforço Escolar, desenvolvimento de artes e capoeira, atua em 3 bairros da capital, em número de 240 crianças atendidas;
– A Medicina e Farmácia natural, com atendimentos e distribuição de medicamentos naturais;
– Exercício da advocacy: contatos com as administrações provinciais e municipais de caráter social para ajuda e apoio na aquisição de documentação pessoal para crianças, adultos angolanos, retornados e/ou seus cônjuges estrangeiros; atendimento à pobres e idosos abandonados; doação de material para o desenvolvimento dos projetos sociais da Caritas.
Coordenação da comissão diocesana da pastoral para os migrantes e itinerantes (CODIPAMI)
A Pastoral dos Migrantes e Itinerantes na Diocese do Uije, como hoje a conhecemos , iniciou através de Seminários de formação realizados pela Comissão Episcopal da Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, com as Irmãs Scalabrinianas, antes mesmo de nossa vinda à Uíge.
Actividades actuais desenvolvidas
– Formação dos líderes paroquiais da Pastoral Migratória;
– acompanhamento da Comunidade São João Batista Scalabrini dos repatriados angolanos;
– Celebração do dia dos Refugiados e dos Migrantes com palestras, programas radiofônicos e nas Paróquais;
– Encontros de conscientização para os motoqueiros.
Casa de formação : aspirantado
Em 2014, acrescentou-se à Missão Scalabriniana no Uíje, também uma missão interna, isto é, a criação do aspirantado, com actividades especiais, inclusive, actuação das candidatas nas comunidades locais.