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III ICOMIR

Brasília, Brasil
19 a 22 de maio de 2025

A III Conferência Internacional do CSEM tem como título: Diálogos para compreender, humanizar e valorizar as pessoas em mobilidade e se propõe a analisar e debater as tendências migratórias a partir de perspectivas acadêmicas, da sociedade civil, dos coletivos de migrantes e das entidades governamentais, promovendo um entendimento abrangente e multidimensional das migrações contemporâneas, tanto as Sul-Norte quanto as migrações Sul-Sul.

O evento ocorrerá nos dias 19 a 22 de maio de 2025, em Brasília, Brasil. Será um evento bilíngue, realizado em português e inglês, que proporcionará:

  • Análise das tendências migratórias contemporâneas (Sul-Norte e Sul-Sul);
  • Espaço para troca de experiências e construção de conhecimento inclusivo;
  • Promoção de políticas públicas centradas nos direitos dos migrantes.

Acompanhe os momentos da III ICoMiR pelos nossos canais de comunicação:

Instagram: @scalabrinianasirmas
Facebook: Scalabrinianas

22-05 – Último dia da III ICoMiR

A programação de hoje, último dia da III Conferência Internacional sobre Migração e Refúgio, foi marcada por reflexões profundas e intercâmbios enriquecedores em torno das diversas realidades da mobilidade humana no mundo. Ao longo do dia, três mesas-redondas temáticas abordaram questões regionais e interseccionais sobre migração e refúgio:

A primeira foi sobre “Mobilidade Humana na Europa” que discutiu os desafios e avanços da mobilidade humana no contexto europeu. Participaram:

  • Maurizio Ambrosini – Università di Milano (Itália)
  • Ryan Alshebl – Liderança Migrante (Síria / Alemanha)
  • Thomas Broch – Diocese de Rottenburg-Stuttgart (Alemanha)

A segunda mesa redonda foi sobre o tema da “Mobilidade Humana na Ásia” abordando as experiências da região asiática, especialmente no Sudeste Asiático. Os expositores foram:

  • Michelle Palumbarit – UP-CIFAL (Manila, Filipinas)
  • Nasrikah Paidin – Liderança Migrante (Indonésia / Malásia)
  • Elizabeth Pedernal – Irmãs Missionárias Scalabrinianas (Manila, Filipinas)

Por fim, o terceiro tema da mesa redonda foi sobre “Migrações, Refúgio e Interseccionalidades” trazendo olhares sobre a complexidade das migrações a partir de recortes interseccionais. Os temas abordados e suas respectivas expositoras e expositores foram:

  • Feminização das migrações – Delia Dutra (Universidad de la República – Uruguai)
  • Pessoas migrantes e refugiadas com deficiência – Bárbara Marques (CSEM – Brasília, Brasil)
  • Irregularidade migratória – Maurizio Ambrosini (Università di Milano – Itália)
  • Xenofobia e racismo – Renata de Melo Rosa (Rio de Janeiro, Brasil)

O encerramento foi realizado com o lançamento do Documento Final da Conferência, seguido por uma coletiva de imprensa.

Conclusão da III Conferência Internacional sobre Migração e Refúgio

A III Conferência Internacional sobre Migração e Refúgio chega ao fim reafirmando seu compromisso com a dignidade, os direitos e a visibilidade das pessoas em mobilidade. Ao longo dos dias de evento, representantes de instituições acadêmicas, organizações da sociedade civil, lideranças migrantes, religiosas e agentes pastorais de diversas partes do mundo se reuniram para dialogar, compartilhar experiências e propor caminhos conjuntos frente aos desafios das migrações contemporâneas.

As mesas de discussão revelaram a complexidade dos fenômenos migratórios em diferentes contextos regionais, bem como a necessidade de se reconhecer as interseccionalidades que atravessam as vidas das pessoas migrantes e refugiadas. Foram abordadas questões como feminização das migrações, deficiência, irregularidade migratória, racismo e xenofobia, temas que exigem atenção urgente e ações concretas.

O lançamento do Documento Final marca não apenas o encerramento desta edição, mas também um ponto de partida para novas articulações, incidências políticas e práticas solidárias. A ICoMiR consolida-se, assim, como um espaço de escuta qualificada, construção coletiva e compromisso ético com a justiça migratória.

Agradecemos a todas e todos que participaram, contribuíram e se engajaram com generosidade e profundidade. Que as sementes lançadas durante esta conferência continuem a frutificar em ações transformadoras ao redor do mundo.

21-05 – Terceiro dia da III ICoMiR

Neste dia, a mesa redonda teve como tema: “Como a sociedade civil valoriza/humaniza/fortalece o protagonismo das pessoas migrantes e refugiadas?” com a participação de Amarela Varela – Universidad Autónoma de la Ciudad de México (México); Luis Enrique Garcia Rodriguez – Asociación de Venezoelanos Residentes en Santo Domingo de Los Tsachilas – ASOVEC (Equador) e Maria Ozânia da Silva – Serviço Pastoral do Migrante – SPM (Goiânia, Brasil).

A Mesa redonda 4 refletiu sobre “Mobilidade humana na África” com a participação de Michael Mutava – New South Institute (Quênia/ África do Sul), Ibrahim Kalilu – Associação para o bem-estar dos refugiados em Angola/ABRA (Sudão / Angola) e Armando Bernardo Tonela – Centro J. B. Scalabrini (Moçambique).

Neste dia foram contemplados os grupos temáticos divididos a partir dos seguintes temas:

  • Atuação da sociedade civil organizada em favor dos migrantes/refugiados
  • Práticas de acolhimento intercultural e importância do idioma
  • Protagonismo das crianças e jovens migrantes
  • Mídia e migrações
  • Saúde mental e migrações/refúgio (UCB)
  • Deportações em massa: políticas migratórias e criminalização da migração
  • Metodologia no estudo das migrações
  • Protagonismo e práticas solidárias de migrantes e refugiados
  • Diáspora venezuelana
  • Teologia Intercultural das Migrações
  • Mudanças climáticas e a mobilidade humana
  • Rotas migratórias e fronteiras
  • Voces buscadoras y desapariciones de migrantes: Florecer en resistência
  • Migração Laboral

O dia foi marcado por reflexões profundas e trocas enriquecedoras sobre o papel da sociedade civil na promoção da dignidade, do protagonismo e dos direitos das pessoas migrantes e refugiadas. As mesas redondas e os grupos temáticos evidenciaram a diversidade de experiências e realidades vividas em diferentes regiões do mundo, destacando a importância da escuta, do acolhimento intercultural e da solidariedade como pilares para a construção de sociedades mais justas e humanas. Ao abordar temas como mobilidade na África, saúde mental, migração laboral, mudanças climáticas, entre outros, o evento reafirmou o compromisso coletivo com a justiça migratória e com a valorização das vozes e trajetórias das pessoas em movimento.

20-05 – Segundo dia da III ICoMiR

O segundo dia da ICoMiR foi marcado de intensas reflexões e partilhas sobre migração e refúgio, com mesas redondas que abordaram temas essenciais como “Mobilidade Humana nas Américas” e “Políticas Públicas para Populações em Mobilidade”.

No colóquio do dia, os participantes foram provocados a um exercício prático de imaginação coletiva: “Como pensar um modelo de sociedade verdadeiramente inclusivo, que reconheça e valorize as diversidades e os aportes das pessoas em mobilidade?”

Ao longo do dia, houve espaço para o debate, o diálogo e a construção conjunta de ideias, fortalecendo o compromisso com a justiça social e os direitos humanos.

O momento foi também de celebração da produção intelectual na área. O CSEM realizou o lançamento de importantes publicações, que contribuem para o aprofundamento das discussões sobre migração e refúgio:

  • Revista REMHU – Roberto Marinucci
  • Entre Lentes e Ondas. Menores não acompanhados no fotojornalismo italiano – Ir. Rosa Maria Martins, mscs
  • Mobilidade Humana como Lugar Teológico (Série Ecumene, vol. 5) – Wellington Barros
  • Entre Terras. Poemas sem Fronteiras – Tânia Pacheco
  • Migration Trends. Contributions from a Human Rights Perspective – Carmem Lussi

Um dia repleto de aprendizado, trocas e inspiração para seguir construindo caminhos de acolhida e inclusão.

19-05 – Abertura – Diálogos para compreender, humanizar e valorizar as pessoas em mobilidade

Teve início a III Conferência Internacional sobre Migração e Refúgio (ICoMiR). No primeiro dia, a abertura foi marcada por uma bela mística com poesia e canto, conduzida por migrantes que atuam na missão scalabriniana.

Em seguida, compôs-se a mesa de abertura com as autoridades convidadas, que deram suas palavras iniciais:
• Irmã Marlene Wildner – Diretora do CSEM e anfitriã do evento
• Dra. Rose Jaji – Professora e pesquisadora no German Institute of Development and Sustainability
• Dom Denilson Geraldo – Bispo Auxiliar de Brasília, representando o Arcebispo Cardeal Paulo Cezar Costa
• Flavia de Moura, Representante da ONU Mulheres
• Irmã Neusa de Fátima Mariano – Superiora Geral da Congregação das Irmãs Missionárias Scalabrinianas

Em seu discurso de acolhida e abertura, Ir. Marlene saudou os presentes e destacou a participação das Irmãs Scalabrinianas e colaboradores vindos de diversas missões da Congregação ao redor do mundo, todos engajados na defesa e promoção dos direitos de migrantes e refugiados. Ao falar sobre o Centro de Estudos Migratórios (CSEM), afirmou:

“Trabalhamos na contranarrativa da visão hegemônica sobre migração e refúgio na contemporaneidade. Buscamos construir uma plataforma de diálogo permanente e global entre a academia, a sociedade civil, instituições públicas e as próprias pessoas migrantes e refugiadas.”

A representante da ONU Mulheres enfatizou que a conferência é um espaço fundamental de diálogo sobre mobilidade humana, justiça e dignidade. Dedicou sua fala especialmente às “mulheres em situação de migração e refúgio, cujas histórias, muitas vezes invisibilizadas, revelam as múltiplas camadas de desigualdade que ainda estruturam nossos territórios e políticas.”

Ela destacou uma mudança importante no perfil da população migrante no Brasil: em 2023, as mulheres representaram 41,5% das solicitações de refúgio, um crescimento expressivo comparado aos 10% registrados há dez anos. Essa feminização das migrações vai além dos números e traz implicações profundas para a formulação de políticas públicas e para os sistemas de acolhimento e integração.

Segundo ela, as mulheres em mobilidade enfrentam uma dupla vulnerabilização: por serem migrantes e por serem mulheres. Isso as torna mais expostas à violência de gênero, assédio, exploração sexual, tráfico de pessoas e precarização do trabalho, especialmente no setor doméstico e de cuidados. No Brasil, mais da metade das trabalhadoras domésticas são mulheres negras, e entre as migrantes, muitas trabalham informalmente, sem garantias, com baixos salários e sem proteção.

Além disso, muitas dessas mulheres chefiam sozinhas suas famílias, acumulando responsabilidades de cuidado sem apoio institucional. Frequentemente, não têm acesso a creches, serviços de saúde sexual e reprodutiva ou à regularização documental. Esses fatores afetam diretamente sua autonomia econômica, bem-estar e dignidade.

Ela concluiu que este cenário convoca a todos a um “compromisso coletivo de reconhecer e enfrentar essas desigualdades estruturais com políticas públicas interseccionais, que levem em conta gênero, raça, classe e território. A justiça migratória só será possível se também for justiça de gênero. Não podemos deixar ninguém para trás.”

Em sua fala, Ir. Neusa de Fátima Mariano, Superiora Geral das Irmãs Missionárias Scalabrinianas, destacou que o III ICoMiR expressa as dinâmicas, riquezas e desafios que o trabalho com migrantes e refugiados exige e proporciona. Enfatizou:

“Compreender as causas e consequências das migrações, humanizar seus processos e promover os direitos humanos de todos os envolvidos são elementos essenciais do carisma da nossa Congregação. Também valorizamos as potencialidades que os deslocamentos humanos trazem tanto para os migrantes quanto para as sociedades de origem, trânsito e destino.”

Ela reforçou que, no contexto atual, esse serviço tem se tornado cada vez mais desafiador, exigindo da Congregação posturas mais corajosas e audaciosas em defesa da dignidade de cada ser humano. O objetivo é fortalecer a eficácia e a eficiência das ações promovidas pelas Scalabrinianas.

A conferência principal do primeiro dia teve como tema: “Mobilidade humana: itinerários para uma convivência humanizante”, com Jorge Castillo Guerra, e mediação de Roberto Marinucci.

Por Ir. Luciana Pitol, Serviço de Comunicação

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