Nos últimos 10 anos mais de 5.500 mulheres e 3.500 crianças morreram em rotas migratórias
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) divulgou nesta terça-feira, 26, o relatório “Uma Década de Documentação de Mortes de Migrantes”, que analisa os últimos dez anos de registros de mortes e desaparecimentos documentados pelo projeto Missing Migrants. Desde 2014, pelo menos 64.241 migrantes morreram em rotas migratórias de todo o mundo.
De acordo com o relatório, mais de um terço dos migrantes mortos na última década cujo país de origem pôde ser identificado eram de locais em conflito ou com grandes populações de refugiados, o que destaca “os perigos enfrentados por aqueles que tentam fugir de zonas de conflito sem caminhos seguros.”
A OIM destaca que, no entanto, a informação sobre as identidades dos migrantes mortos e desaparecidos é “altamente incompleta”. O relatório sublinha o número elevado de mortes não identificadas, que equivale a dois terços do total de mortes documentadas, o que deixa famílias e comunidades sem informações sobre a perda de seus entes queridos.
O relatório aponta que pelo menos 5.500 mulheres morreram nas rotas migratórias de todo o mundo desde 2014, além de quase 3.500 crianças. De acordo com os dados da OIM, o ano de 2023 foi o mais mortal para os migrantes, com 8.541 registros, ultrapassando até mesmo o ano de 2016, que antes era considerado o ano mais mortal, com 8.084 mortes e desaparecimentos.
“Estes números demonstram a necessidade urgente de capacidades reforçadas de busca e salvamento, facilitação de vias de migração seguras e regulares e ações baseadas em evidências para evitar novas perdas de vidas”, afirmou a OIM em comunicado, que destacou que a ação deve incluir uma intensa cooperação internacional contra redes de tráfico e contrabando de pessoas.
De acordo com o relatório, a principal causa de morte entre migrantes é o afogamento, que corresponde a quase 60 por cento das mortes documentadas, o equivalente a 36.885 mortes, sendo cerca de 27 mil apenas no Mediterrâneo.
O relatório destaca, ainda, que as mais de 64 mil mortes e desaparecimentos registados durante a migração na última década são “provavelmente apenas uma fração do número real de vidas perdidas em todo o mundo”. Há mais de 37.000 mortos para os quais não existe informação disponível sobre sexo ou idade, indicando que o verdadeiro número de mortes pode ser ainda maior que o notificado.
De acordo com a OIM, apesar dos compromissos políticos e da atenção da mídia, as mortes de migrantes estão aumentando. Em 2024, só no Mediterrâneo, embora as chegadas este ano sejam significativamente inferiores (16.818) em comparação com o mesmo período de 2023 (26.984), o número de mortes é quase tão elevado como no ano passado, tendo sido registradas pelo menos 442 mortes e desaparecimento desde 1º de janeiro.
O relatório “Uma Década de Documentação de Mortes de Migrantes”, pode ser lido na íntegra aqui.
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação