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“Ninguém deve ser obrigado a partir”, afirma Papa Leão XIV durante o Jubileu dos Migrantes

Durante o último final de semana foram celebrados os Jubileus dos Migrantes e do Mundo Missionário em Roma. Durante a homilia da Santa Missa de domingo, 5, o Papa Leão XIV destacou que esta “é uma bonita ocasião para reavivar em nós a consciência da vocação missionária, que nasce do desejo de levar a alegria e a consolação do Evangelho a todos, especialmente a quem está a viver uma história difícil e ferida.”

“Irmãos e irmãs, hoje inaugura-se na história da Igreja uma nova era missionária”, afirmou o Papa, que ressaltou que, “se durante muito tempo associamos a missão ao “partir”, ao ir para terras distantes que não conheciam o Evangelho ou se encontravam na pobreza, hoje as fronteiras da missão já não são geográficas, porque a pobreza, o sofrimento e o desejo de uma esperança maior vêm ao nosso encontro.”

Ele afirmou que isso é testemunhado pelas histórias de tantos migrantes, com o drama da sua fuga da violência, o sofrimento que os acompanha, o medo de não conseguirem, o risco de travessias marítimas perigosas e o seu grito de dor e desespero. “Irmãos e irmãs, aqueles barcos que desejam avistar um porto seguro onde atracar e aqueles olhos cheios de angústia e esperança que procuram terra firme onde desembarcar não podem nem devem encontrar a frieza da indiferença ou o estigma da discriminação”, sublinhou.

Ele destacou que a missionariedade não se trata apenas de “partir”, mas de “ficar” para anunciar Cristo através do acolhimento, sem se refugiar no individualismo, ficar parar abrir os braços e o coração aos migrantes e acolhê-los como irmãos, sendo presença de consolação e esperança.

“São numerosos as missionárias e os missionários, mas também os crentes e as pessoas de boa vontade que trabalham ao serviço dos migrantes e na promoção de uma nova cultura de fraternidade em torno do tema da migração, para além de estereótipos e preconceitos”, afirmou o Papa Leão XIV.

O Pontífice pediu aos presentes a promoção de uma cooperação missionária entre as Igrejas. Ele ressaltou que a presença de tantos irmãos e irmãs do sul do mundo nas comunidades de antiga tradição cristã deve ser encarada como uma oportunidade para um intercâmbio que renove o rosto da Igreja. “Ao mesmo tempo, cada missionário que parte para outras terras é chamado a habitar as culturas que encontra com respeito sagrado, direcionando ao bem tudo o que encontra de bom e nobre, e levando-lhes a profecia do Evangelho”, afirmou.

“Gostaria ainda de recordar a beleza e a importância das vocações missionárias”, disse o Papa, destacando a necessidade de um novo impulso missionário, com leigos, religiosos e presbíteros que ofereçam seu serviço nas terras de missão, além de novas experiências vocacionais que suscitem esse desejo nos jovens.

Dando sua benção aos presentes, o Papa dirigiu-se aos migrantes: “sede sempre bem-vindos! Os mares e os desertos que atravessastes são, nas Escrituras, “lugares de salvação”, onde Deus se fez presente para salvar o seu povo. Espero que descubrais este rosto de Deus nas missionárias e nos missionários que encontrareis!”

“Ninguém deve ser obrigado a partir”
Antes da oração do Angelus no domingo, o Papa Leão XIV agradeceu os participantes dos Jubileus dos Migrantes e do Mundo Missionário. “Sois missionários corajosos, pois viestes mesmo com chuva! Obrigado! A Igreja é toda missionária e é toda um grande povo em caminho para o Reino de Deus. Hoje, os irmãos e irmãs missionários e migrantes recordam-nos isso. Mas ninguém deve ser obrigado a partir, nem explorado ou maltratado pela sua condição de necessitado ou estrangeiro! Em primeiro lugar, sempre, a dignidade humana”, afirmou.

“Esperar significa escolher”
Durante a Audiência Jubilar no sábado, 4, que deu início a ambos os Jubileus, o Papa destacou que este é um “tempo de esperança concreta, no qual o nosso coração pode encontrar perdão e misericórdia, a fim de que tudo possa recomeçar de modo novo.”

“O Jubileu abre também à esperança de uma diferente distribuição da riqueza, da possibilidade de que a terra seja de todos, porque na realidade não é assim. Neste ano, devemos escolher a quem servir, se a justiça ou a injustiça, se a Deus ou o dinheiro”, afirmou.

“Esperar significa escolher”, ressaltou o Papa, dizendo que isso quer dizer pelo menos duas coisas. “A mais evidente é que o mundo muda, se nós mudarmos. É por isso que se faz a peregrinação, é uma escolha. Atravessa-se a Porta Santa para entrar num novo tempo”, afirmou.

Já o segundo significado, disse, é mais profundo. “Esperar significa escolher, pois quem não escolhe desespera. Uma das consequências mais comuns da tristeza espiritual, ou seja, da acédia, é não escolher nada. Então, quem a experimenta é levado por uma preguiça interior que é pior do que a morte”, afirmou.

Recordando Clara de Assis, destacou que ela foi uma mulher que, com a graça de Deus, soube escolher. “Clara compreendeu a exigência do Evangelho”, afirmou, sublinhando que “hoje como naquela época, é preciso escolher” e a escolha de Clara traz uma grande esperança, visto que isso inspirou muitas vocações pelo mundo e continua a fazê-lo até hoje.

“Jesus diz: não se pode servir a dois senhores. Assim, a Igreja é jovem e atrai os jovens”, afirmou, destacando que Clara de Assis nos recorda que os jovens gostam do Evangelho. “E continua a ser assim: os jovens gostam das pessoas que escolheram e aceitam as consequências das próprias escolhas. E isto leva outros a desejar escolher”, disse.

O Papa finalizou a catequese convidando os presentes a orar pelos jovens e para que a Igreja não sirva o dinheiro nem a si mesma, mas o Reino de Deus e a sua justiça.

Por Amanda Almeida, do Serviço de Comunicação

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