Deslocados se somam a mais de 780 mil pessoas em fuga da violência na região
Pelo menos três pessoas morreram, entre eles uma mulher grávida, em um novo ataque de rebeldes na noite de domingo, 26, na comunidade de Mihecani, no distrito de Ancuabe, sul de Cabo Delgado, Moçambique. Além das mortes, os rebeldes incendiaram várias residências, provocando a fuga de dezenas de pessoas, que se somam a um novo grupo de deslocados que já soma pelo menos 17 mil pessoas.
Em menos de duas semanas, este é o segundo ataque terrorista a comunidade de Mihecani, segundo relatos de uma fonte que procurou refúgio na comunidade de Sunate, também em Ancuabe, no primeiro ataque. “A população estava convencida de que não voltariam a atacar porque as Forças de Defesa e Segurança têm intensificado ações de patrulhamento”, declarou.
A nova onda de ataques na província de Cabo Delgado começou em 5 de junho, tendo em vista pontos mais retirados do distrito de Ancuabe, a 100 quilómetros da capital provincial. Autoridades suspeitam que os ataques tem sido realizados por rebeldes em fuga da ofensiva militar, que atua desde julho de 2021 no extremo norte de Cabo Delgado, nos distritos de Palma, Mocímboa da Praia e Muidumbe, onde há projetos de exploração de gás natural.
A ofensiva das tropas moçambicanas com o apoio do Ruanda, à qual se juntou, também, a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), permitiu recuperar zonas onde havia presença constante de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques em distritos usados como passagem ou refúgio temporário pelos habitantes deslocados pela violência.
Apesar de rica em gás natural, a província de Cabo Delgado é aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reivindicados pelo Estado Islâmico. A violência já gerou pelo menos 784 mil deslocados internos, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), além de cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registro de conflitos ACLED.
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação Virtual