Em 2023, mais de 440 mil migrantes apenas da Venezuela cruzaram o Darién
De acordo com um relatório publicado pela Human Rights Watch (HRW) na quinta-feira, 9, as restrições de movimento impostas por governos nas Américas obrigam migrantes a cruzar o perigoso estreito de Darién, entre Colômbia e Panamá. Mais de meio milhão de migrantes já cruzaram a região no último ano.
O relatório “‘Este Inferno Foi Minha Única Opção’: Abusos contra Migrantes e Solicitantes de Refúgio Pressionados a Cruzar o Estreito de Darién”, demonstra que restrições de movimento de países sul-americanos para o México e América Central, “frequentemente promovidas pelo governo dos Estados Unidos”, em especial a venezuelanos e equatorianos, estão contribuindo para o aumento de migrantes que atravessam a Selva de Darién.
Segundo a HRW, mais de meio milhão de pessoas já cruzaram o Estreito de Darién no último ano, em grande parte em direção aos Estados Unidos, “fugindo de crises de direitos humanos nas Américas, incluindo violência e perseguição, e escapando da pobreza”. Além dos sul-americanos, migrantes da África e Ásia também se arriscam na selva, que, além dos perigos naturais, também é dominada por grupos armados.
Apenas entre janeiro e outubro, mais de 440 mil migrantes da venezuela cruzaram o Darién, superando o número total de migrantes registrados em 2022, quando 248.284 passaram pela região. No ano passado, mais de 150 mil venezuelanos atravessaram a selva rumo ao norte, segundo dados do Serviço Nacional de Migração do Panamá. Em agosto, último mês com dados oficiais do governo panamenho, 81.9 mil migrantes cruzaram a selva, totalizando mais de 333 mil desde janeiro.
A Human Rights Watch entrevistou cerca de 300 pessoas no Darién, entre elas migrantes e solicitantes de refúgio que cruzaram ou estavam prestes a cruzar o Darién, vítimas de graves abusos de direitos humanos, trabalhadores humanitários, autoridades colombianas e panamenhas e especialistas em migração de toda a região. Além disso, foram analisados dados e relatórios dos governos colombiano, panamenho e dos EUA; agências da ONU; organizações humanitárias e de direitos humanos locais, regionais e internacionais; e clínicas jurídicas locais.
Nos EUA, foram registradas mais de 2,4 milhões de tentativas de entrada através da fronteira sul, com o México. Apesar das tentativas do governo de diminuir os números, o total de tentativas de entrada nos EUA em 2023 representa um aumento de quase 4% comparados ao ano passado, quando cerca de 2,3 milhões tentaram atravessar a fronteira.
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação