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130 anos em entrevista: 50 anos de missão com migrantes no Paraguai

No ano em que celebramos os 130 anos da fundação da Congregação das Irmãs Scalabrinianas e da chegada de Madre Assunta Marchetti ao Brasil, traremos uma série de entrevistas para conhecer a realidade da missão das Scalabrinianas na Província Maria, Mãe dos Migrantes.

As Scalabrinianas chegaram ao Paraguai em 1975, para auxiliar, principalmente, os imigrantes brasileiros no departamento do Alto Paraná, e, em 2025, completam 50 anos de missão nesse país. Para conhecer melhor a missão no Paraguai, conversamos com a Ir. Carmem Nuncio, Missionária Scalabriniana, que trabalha na Pastoral Social e Pastoral do Migrante em Santa Rita/PY.

Confira a entrevista do Serviço de Comunicação com a Ir. Carmem Nuncio.

Qual é o perfil dos migrantes que chegam até a missão?
Ir. Carmem Nuncio: Nos anos que desempenho minha missão em Santa Rita, desde de 2015, na Pastoral Social e do Migrante, tenho percebido que o perfil dos migrantes que chegam é de uma migração interna, vindos de diversos departamentos do Paraguai. Em número menor, temos também os migrantes estrangeiros.

São famílias que chegam, muitas delas, mães que vem com seus filhos, desacompanhadas do companheiro. Eles vêm com necessidades de encontrar um espaço para morar (aluguel), buscar trabalho para comprar os alimentos e outras necessidades, como o estudo para as crianças, formação religiosa, proximidade para o atendimento da saúde, etc.

Quais são os principais desafios enfrentados pelos migrantes no Paraguai?
Ir. Carmem Nuncio: Santa Rita é uma cidade progressista. Foi emancipada em 1990. A maioria da população é de imigrantes brasileiros que chegaram na região por volta de 1973.

A migração interna que chega hoje, nesta região, enfrenta o desafio de se estabelecerem nas margens da cidade, pois o centro é dos comerciantes e grandes proprietários de terras. Muitos dos migrantes enfrentam o desafio de encontrar uma moradia digna para abrigar a família, trabalho para o sustento da mesma e outros.

Existe algum fator que tenha agravado a situação migratória na região?
Ir. Carmem Nuncio: O fator que tem agravado a migração interna, foi o de os grandes agricultores que passaram a comprar as terras dos pequenos agricultores. Estes, não tendo como sobreviver, migraram para a cidade, onde, mesmo com dificuldades, podem encontrar trabalho e acesso ao estudo, catequese, saúde e convivência de comunidade.

Como as Scalabrinianas respondem a essas necessidades?
Ir. Carmem Nuncio: Em 2025 estamos celebrando 50 anos de presença missionária aqui no Paraguay. Viemos, como foi o mandato de Jesus e de São João Batista Scalabrini, a “ser migrante com os migrantes”.

As Irmãs vieram ao Paraguai bem no início da migração brasileira aqui no Departamento Alto Paraná. Inicialmente foram presença em todas as dificuldades que os migrantes enfrentaram: desbravar os matos, construir caminhos, simples moradias, conforto espiritual, conhecimento do idioma, etc. Hoje nosso trabalho é dar continuidade a essa missão, de uma maneira diferente.

Tendo hoje um número reduzido de irmãs, foi necessário encerrar nossa missão em 5 cidades, mas o espírito scalabriniano continua bem presente nos leigos que colaboram conosco.

Hoje, na celebração do nosso Jubileu de 50 anos de presença no Paraguai, estamos realizando alguns dias de trabalhos missionários em cada região, para, como dizia São Paulo a Timóteo: “Reavivar o dom que Deus colocou em nós” Tm 1,6.

Quais projetos ou serviços a missão do Paraguai oferece?
Ir. Carmem Nuncio: Atualmente em Santa Rita atuamos com a Pastoral Social, Pastoral dos Migrantes, Pastoral Catequética, Juventudes e Pastoral Vocacional, sempre com o nosso olhar e coração voltados aos migrantes mais pobres e necessitados.

Existe alguma parceria com outras organizações ou entidades?
Ir. Carmem Nuncio: Sim, principalmente a Pastoral Social e a do Migrante, tem realizado algumas atividades com a Municipalidade e outras Organizações como: Fraternidad El Camino (que atende as pessoas dependentes químicos); Guarderia São Gabriel(que acolhem crianças desabrigadas e pobres); Hospital Distrital ; Grupo Igualdades (atenção especial às pessoas com necessidades de tratamento de saúde e outros).

Além disso, trabalhamos sempre em sintonia com o Plano Pastoral da Paróquia e da Diocese.

Como é o dia a dia do trabalho missionário?
Ir. Carmem Nuncio: Atualmente somos 4 Irmãs. Duas se dedicam à Pastoral Juvenil, atividades missionárias junto ao povo em diversas cidades onde já havíamos estado presentes, onde a característica do povo é de migração. Muitos deles já estabelecidos e outros ainda passando por diversas dificuldades.

A Irmã responsável pela catequese atende, com esta atividade, a paróquia toda, que é composta de 23 capelas e o centro. Hoje, somam mais de 1 mil catequizandos

Meu trabalho diário, com mais 24 voluntários, é de atender na Pastoral Social e da Saúde. Visitamos as famílias mais vulneráveis, assistimos com alimentos, roupas e remédios naturais. Mensalmente temos orientação para as mães, ajuda de uma profissional em psicologia, orientamos para o trabalho e a aquisição dos documentos, principalmente aos migrantes estrangeiros.

Procuro ser presença que acolhe, escuta e orienta, pois muitas pessoas chegam fragilizadas. Dizia São João Batista Scalabrini: “É mais importante fazer uma pessoa feliz, do que ser feliz”.

Como a comunidade local interage com os migrantes?
Ir. Carmem Nuncio: Tenho percebido que, pelo fato de muitos deles terem vivido a experiência da migração há 50 anos, o sentimento é de acolhida, integração e o cuidado de promover as pessoas que se instalam em nossa cidade, conforme o ensinamento do Papa Francisco. Sempre que pedi ajuda para resolver situações com pessoas migrantes e tenho recebido muito apoio.

Quais são os maiores frutos do trabalho da missão/unidade?
Ir. Carmem Nuncio: O povo de Santa Rita e região, pelo fato de a maioria ter vivido todo o processo da migração há mais de 50 anos, hoje são mais sensíveis com a migração interna. Sinto que nossa presença e atuação junto aos migrantes tem despertado em muitas famílias o desejo de ajudar a cuidar dos que mais sofrem. Tenho recebido muito apoio humano e econômico para a realização do nosso trabalho pastoral e sobretudo confiança e gratidão pela missão que realizo.

Outro aspecto importante é que mais colaboradores leigos, somam conosco na missão e, assim, vai despertando em cada um a alegria da doação. “Tudo o que fizerem a um destes meus irmãos é a Mim que o fazem, disse Jesus” conforme Mt 25, 35.

Como as pessoas podem apoiar o trabalho das Irmãs Scalabrinianas na missão do Paraguai?
Ir. Carmem Nuncio: Penso que o maior apoio e ajuda que as pessoas podem nos dar é somar conosco em nossa missão e ser um prolongamento do Carisma Scalabriniano na realidade em que vivem.

Na Pastoral Social e do Migrante tenho um bom grupo de homens e mulheres que dedicam parte do seu tempo e se dispõem como voluntários em nossas atividades pastorais e missionárias

O que significa para você viver os 130 anos da fundação da Congregação em sua missão?
Ir. Carmem Nuncio: Posso dizer que é um sentimento de muita Gratidão a Deus e a cada Irmã missionária, que mantiveram e mantêm vivo o Carisma Scalabriniano no mundo.

Estar junto com pessoas migrantes mais fragilizadas me leva a reavivar a experiência de doação do nosso fundador São João Batista Scalabrini e os cofundadores Madre Assunta e Pe. José Marchetti, que foram testemunhos de doação e de entrega total a Deus.

Cada dia de minha vida, sinto a necessidade de reavivar o dom que Deus colocou em mim, desde que decidi ser uma Consagrada Missionária na Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo Scalabrinianas.

Do Serviço de Comunicação

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