O IV Capítulo Provincial, em sintonia com o tema iluminador: “Peregrinas de Esperança”, refletiu o tema “Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão” a partir do Documento Final do Sínodo, de 26 de outubro de 2024. O documento convida a viver a conversação no Espírito, um caminho de escuta profunda, abertura e discernimento comunitário. Este estilo sinodal, tão caro ao Papa Francisco, tem sido um marco na condução do processo sinodal da Igreja. Francisco nos ensina, com gestos e atitudes, que a unidade não se faz pela uniformidade, mas pela harmonia das diferenças, reconhecendo que o Espírito Santo age também na diversidade de pensamentos e sensibilidades.
Como nos recorda o Documento do Sínodo: “Vivendo a conversação no Espírito, escutando-nos uns aos outros, apercebemo-nos da sua presença no meio de nós: a presença d’Aquele que, ao conceder o Espírito Santo, continua a suscitar no seu Povo uma unidade que é harmonia das diferenças.”
Este processo sinodal nos conduziu ao estudo atento do Documento Final, que destaca temas cruciais para a missão da Igreja hoje. Entre eles, ressoam com força a escuta do grito dos pobres e da terra — particularmente no contexto das migrações — e os desafios da era digital. Esses clamores nos interpelam e exigem um discernimento constante, fundado na Palavra de Deus e alimentado pela oração e pelo diálogo fraterno.
A reciprocidade na sinodalidade nos chama a reconhecer que há uma dependência mútua no corpo eclesial. Uma de nossas maiores conversões é justamente crer que é possível viver juntos, criando novas relações em contextos diversos e plurais.
Nesse caminho, a Vida Religiosa Consagrada (VRC) tem um papel essencial, como aponta o nº 65 do Documento: “A vida consagrada é chamada a interpelar a Igreja e a sociedade com a sua voz profética. Na sua experiência secular, as famílias religiosas amadureceram práticas experimentadas de vida sinodal e de discernimento comunitário, aprendendo a harmonizar os dons individuais e a missão comum.”
Somos, portanto, convocados a lançar as redes do discernimento, do cuidado e da prestação de contas. O texto afirma: “Na oração e no diálogo fraterno, reconhecemos que o discernimento eclesial, o cuidado com os processos de decisão e o compromisso de prestar contas das próprias ações e avaliar o êxito das decisões tomadas são práticas com as quais respondemos à Palavra que nos indica os caminhos da missão” (nº 79).
Nosso ponto de partida é sempre a escuta da Palavra de Deus, que ilumina os processos de decisão e articula a participação de todos. A escuta ativa, o envolvimento real das diversas vocações e ministérios, a transparência e a corresponsabilidade são exigências concretas da sinodalidade.
Como mulheres consagradas, caminhamos como peregrinas da esperança, levando conosco a certeza de que o Espírito nos precede nas encruzilhadas da missão. Somos chamadas a manter acesa a chama da fé e da profecia, mesmo diante das incertezas, ajudando a Igreja a avançar com coragem, ternura e compaixão.
Que possamos, como Igreja, continuar trilhando este caminho de comunhão, participação e missão, guiados pelo Espírito e abertos à escuta mútua, à conversão e à ousadia profética.
Por Ir. Maria do Carmo Santos Gonçalves e Ir. Luciana Pitol