Foi divulgada pelo Vaticano na quarta-feira, 02, a Mensagem do Papa Leão XIV pelo X Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, que será celebrado em 1º de setembro com o tema “Sementes de paz e esperança”, anunciado em 07 de abril pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.
Leão XIV recorda que, em sua pregação, Jesus frequentemente usa a imagem da semente para falar do Reino de Deus e, na véspera da Paixão, se compara ao grão de trigo, que deve morrer para dar frutos. “A semente entrega-se inteiramente à terra e aí, com a força impetuosa do seu dom, a vida germina, mesmo nos lugares mais inesperados, numa surpreendente capacidade de gerar um futuro”, afirma o Papa, recordando as flores que nascem à beira da estrada sem serem plantadas.
Assim, ele destaca, somos sementes de Paz e Esperança em Cristo, recordando o profeta Isaías, que destaca a capacidade do Espírito de Deus em transformar o deserto em um jardim, um local de repouso e serenidade.
O Papa ressalta que, “em várias partes do mundo, já é evidente que a nossa terra está a cair na ruína”, recordando que “a injustiça, a violação do direito internacional e dos direitos dos povos, a desigualdade e a ganância provocam o desflorestamento, a poluição, a perda de biodiversidade” e que os fenômenos climáticos extremos, causados pelas ações humanas, vêm aumentando sua intensidade e frequência, sem deixar de lado os efeitos causados pelos conflitos armados.
“Parece ainda haver uma falta de consciência de que a destruição da natureza não afeta todos da mesma forma: espezinhar a justiça e a paz significa atingir principalmente os mais pobres, os marginalizados, os excluídos. A este respeito, o sofrimento das comunidades indígenas é emblemático”, afirma Leão XIV, que sublinha que, em muitas vezes, a natureza se torna uma mercadoria a ser negociada para ganhos econômicos ou políticos.
Ele pontua que estas dinâmicas transformam a criação em um campo de batalha pelo controle dos recursos naturais, com conflitos em torno de fontes de água, zonas agrícolas e florestas que se tornaram perigosas por causa das minas penalizando as populações mais vulneráveis e colocando em risco a estabilidade social.
Leão XIV destaca, ainda, que a Bíblia “não promove «o domínio despótico do ser humano sobre a criação»”, mas convida a “cultivar e guardar” o jardim do mundo, implicando uma relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a natureza.
Ele sublinha que a “justiça ambiental” representa hoje uma necessidade urgente, “que ultrapassa a mera proteção do meio ambiente”. Leão XIV destaca que, em um mundo onde os mais frágeis são os primeiros a sofrerem com os efeitos das mudanças climáticas e do descuido com o meio ambiente, “cuidar da criação torna-se uma questão de fé e de humanidade.”
“Chegou verdadeiramente o tempo de dar seguimento às palavras com obras concretas”, afirma o Papa, que ressalta que, “trabalhando com dedicação e ternura, muitas sementes de justiça podem germinar, contribuindo para a paz e a esperança”. Leão XIV recorda, ainda, o “Borgo Laudato Si’”, projeto de educação para a ecologia integral, deixado como herança pelo Papa Francisco em Castel Gandolfo, como “uma semente que pode dar frutos de justiça e paz.”
“A Encíclica Laudato si’ acompanha a Igreja Católica e muitas pessoas de boa vontade desde há dez anos: que ela continue a inspirar-nos, e que a ecologia integral seja cada vez mais escolhida e partilhada como caminho a seguir”, pede o Papa, destacando que “assim se multiplicarão as sementes de esperança, a serem guardadas e cultivadas.”
Por Amanda Almeida, do Serviço de Comunicação