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Missão Scalabriniana Pari: há 10 anos acolhendo imigrantes e refugiados

As Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo Scalabrinianas desejavam criar uma obra missionária de grande relevância na cidade de São Paulo para registrar o marco do centenário da Congregação, em 1985. Com esse propósito, a Direção Provincial da época solicitou à Universidade de São Paulo (USP) a realização de uma pesquisa que indicasse o local mais adequado para a implantação de uma “Obra de Promoção Humana e Social”, voltada ao atendimento de migrantes e refugiados estrangeiros, especialmente jovens recém-chegados ao País.

O estudo realizado pelos pesquisadores da USP concluiu que o migrante jovem, por estar em busca de melhores oportunidades e perspectivas de vida, tende a se estabelecer em locais com maior potencial de desenvolvimento econômico e social. Nesse sentido, verificou-se que a cidade de São Paulo se destaca como o principal ponto de entrada de migrantes no Brasil, por ser um grande centro urbano, com economia diversificada, ampla oferta de trabalho e intensa atividade comercial, concentrada em bairros como Brás, Pari, Bom Retiro e Santana.

Constatou-se ainda que muitos migrantes buscavam moradia nas imediações desses bairros, devido à proximidade com centros de emprego e comércio, além do fácil acesso a importantes vias de entrada e saída da cidade, como o Terminal Rodoviário do Tietê e o Aeroporto Internacional de Guarulhos. Ambos apresentam intenso fluxo de pessoas e mercadorias, em níveis nacional e internacional, o que favorece tanto a chegada de migrantes quanto o dinamismo econômico da região.

Dessa forma, ficou evidente que a área do Pari e seus arredores, caracterizada por forte expansão comercial e um comércio diversificado de alcance nacional e internacional, seria o local mais apropriado para o desenvolvimento da obra social idealizada pelas Irmãs Scalabrinianas, consolidando ali uma ação missionária voltada à promoção humana e à acolhida dos migrantes.

A obra social voltada aos migrantes no bairro do Pari teve início sob o nome CESPROM – Centro Scalabriniano de Promoção do Migrante. Suas atividades eram desenvolvidas nas dependências do antigo Colégio Santa Teresinha, instituição educacional fundada em 1926, cuja comunidade escolar era composta, em sua maioria, por migrantes ou descendentes de migrantes estrangeiros residentes nas proximidades.

O colégio, que ainda mantinha suas funções educacionais, cedeu algumas salas para o funcionamento do CESPROM, destinadas à realização de cursos, atendimento administrativo e atividades esportivas nos fins de semana.

Naquele período, o Centro oferecia cursos rápidos de qualificação profissional, além de aulas de língua portuguesa, informática, corte e costura, modelagem, confeitaria e outras formações voltadas à inserção social e econômica dos migrantes. Paralelamente, eram promovidas atividades de integração cultural, como grupos de conversa, festas e danças típicas dos países de origem, fortalecendo o sentimento de pertencimento e valorização das identidades culturais.

O trabalho do CESPROM também incluía visitas aos migrantes que viviam em cortiços na região, com o objetivo de conhecer suas condições de vida e convidá-los a participar das atividades oferecidas. Os cursos e ações comunitárias alcançaram grande procura, o que levou à ampliação dos serviços.

Como resultado desse esforço missionário e social, tornou-se evidente a presença significativa de migrantes e refugiados jovens no bairro, até então anônimos e invisíveis perante a sociedade. O CESPROM, assim, consolidou-se como um importante espaço de acolhimento, promoção humana e integração social na história do Pari.

No início deste milênio, o Brasil, especialmente a cidade de São Paulo, registrou um aumento significativo nos fluxos migratórios, com destaque para a chegada de haitianos e africanos em busca de melhores condições de vida.

Diante dessa nova e urgente realidade migratória, em 2015, a Obra Social do Pari passou por um importante impulso em suas ações. A Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo Scalabrinianas (MSCS), fiel ao seu carisma fundacional, de servir aos migrantes, estabeleceu uma parceria com a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) do município de São Paulo, inicialmente com duração de cinco anos.

A partir desse acordo, o CESPROM, criado com a finalidade de promover a integração e o desenvolvimento dos migrantes, consolidou-se sobre os fundamentos missionários scalabrinianos, ampliando suas ações para incluir o acolhimento de migrantes. Com o intuito de identificar e dar maior visibilidade ao carisma congregacional, a obra passou a denominar-se Missão Scalabriniana – São Paulo, destinada ao acolhimento institucional de migrantes internacionais em situação de rua e em grave vulnerabilidade social, a partir dos 18 anos de idade, bem como de grupos familiares, com prioridade para mulheres gestantes e/ou acompanhadas de crianças.

O serviço prestado pela Missão enquadra-se na categoria de proteção social especial de alta complexidade, conforme as diretrizes da Política Nacional de Assistência Social (PNAS). Seu propósito é atender famílias e indivíduos com direitos violados ou ameaçados, promovendo acolhimento integral e condições para o resgate da dignidade, autonomia e reinserção social.

A Missão dispõe de capacidade para acolher até 200 migrantes em regime integral (diurno e noturno), sendo 110 vagas destinadas a homens e 90 a mulheres, com ou sem filhos. O atendimento é estruturado de modo a garantir proteção integral, segurança, higiene, moradia temporária e orientação, além de oferecer um espaço de escuta, convivência e formação.

Além da infraestrutura física e dos serviços básicos, a Missão desenvolve ações voltadas à formação cidadã e profissional, à reconstrução dos vínculos familiares e comunitários e ao protagonismo social dos migrantes. Entre suas atividades, destacam-se oficinas, rodas de conversa, cursos rápidos de qualificação profissional, palestras e aulas de língua portuguesa, que visam facilitar a inserção no mercado de trabalho e incentivar a geração de renda por meio do trabalho autônomo.

Neste ano, a Missão Scalabriniana – São Paulo completa uma década de atuação neste formato, período em que milhares de migrantes e refugiados, provenientes principalmente da África e da América Latina, foram acolhidos e acompanhados. Atualmente, é reconhecida como uma das obras sociais mais significativas da Congregação das Irmãs Missionárias Scalabrinianas no Brasil, pela amplitude de seu trabalho e pelo impacto humano e social de suas ações.

Ir. Oneide Helena Potrich

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