Foi publicada nesta quinta-feira, 9, a primeira Exortação Apostólica do Papa Leão XIV, intitulada “Dilexi Te”, que trata sobre o amor para com os pobres. O texto é uma continuação do texto iniciado pelo Papa Francisco antes de seu falecimento, como continuidade da Encíclica “Dilexit Nos”, que fala sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus. Entre os assuntos tratados pelo Papa, está o acompanhamento aos migrantes e refugiados.
“Ao receber como herança este projeto, sinto-me feliz ao assumi-lo como meu – acrescentando algumas reflexões – e ao apresentá-lo no início do meu pontificado, partilhando o desejo do meu amado Predecessor de que todos os cristãos possam perceber a forte ligação existente entre o amor de Cristo e o seu chamamento a tornarmo-nos próximos dos pobres”, afirma o Papa Leão XIV na introdução da Exortação Apostólica.
No início do texto, o Papa recorda que os discípulos de Jesus criticaram a mulher que derramou um perfume precioso sobre sua cabeça ao invés de vende-lo e dar o dinheiro aos pobres, ao que Ele responde “Pobres, sempre os tereis convosco; mas a mim nem sempre me tereis” (Mt 26, 8-9.11). “Aquela mulher tinha compreendido que Jesus era o Messias humilde e sofredor sobre quem derramar o seu amor”, afirma o Papa destacando que aquele foi um consolo sobre a cabeça que, em poucos dias, receberia espinhos.
“Era um pequeno gesto, mas quem sofre sabe o quanto é grande mesmo um pequeno sinal de afeto e quanto alívio pode trazer”, escreve o Papa, que sublinha que a simplicidade do gesto revela algo grandioso. “Nenhuma expressão de carinho, nem mesmo a menor delas, será esquecida, especialmente se dirigida a quem se encontra na dor, sozinho, necessitado, como estava o Senhor naquela hora”, destaca.
“É precisamente nesta perspectiva que o afeto pelo Senhor se une ao afeto pelos pobres”, ressalta, afirmando que “o contato com quem não tem poder nem grandeza é um modo fundamental de encontro com o Senhor da história. Nos pobres, Ele ainda tem algo a dizer-nos.”
O acompanhamento aos migrantes
Mais a frente no texto, ao falar sobre o acompanhamento aos migrantes, o Papa destaca que “a experiência da migração acompanha a história do povo de Deus”, recordando as experiências migratórias de Abraão, Moisés e Maria e José.
Recordando as migrações dos europeus no século XIX, ele destaca que “dois grandes santos se destacaram no cuidado pastoral dos migrantes”, sendo eles São João Batista Scalabrini, fundador da Congregação das Irmãs Scalabrinianas, que em 2025 completa 130 anos de fundação, e Santa Francisca Xavier Cabrini.
Ao falar sobre São Scalabrini, Leão XIV ressalta que ele viu nos migrantes “destinatários de uma nova evangelização, alertando para os riscos da exploração e da perda da fé em terra estrangeira” e, correspondendo com generosidade ao carisma dado a ele por Deus, Scalabrini olhava mais além, para um mundo e uma Igreja sem barreiras e sem estrangeiros.
“A tradição da atividade da Igreja junto aos migrantes prosseguiu e hoje esse serviço expressa-se em iniciativas como os centros de acolhimento para refugiados, as missões nas fronteiras, e os esforços de Caritas Internationalis e de outras instituições”, afirma o Papa Leão XIV, recordando os quatro verbos usados pelo Papa Francisco ao falar da resposta às migrações: acolher, proteger, promover e integrar, destacando que estes verbos não valem apenas para os migrantes e refugiados, mas para todos os habitantes das periferias existenciais.
“A Igreja, como mãe, caminha com os que caminham. Onde o mundo vê ameaça, ela vê filhos; onde se erguem muros, ela constrói pontes. Pois sabe que o Evangelho só é crível quando se traduz em gestos de proximidade e de acolhimento; e que em cada migrante rejeitado, é o próprio Cristo que bate às portas da comunidade”, sublinha o Papa.
Leia a Exortação Apostólica na íntegra em: https://www.vatican.va/content/leo-xiv/pt/apost_exhortations/documents/20251004-dilexi-te.html
Por Amanda Almeida, do Serviço de Comunicação
