Conflitos na província do norte de Moçambique se espalharam recentemente para outras regiões, como Nampula, onde 12.000 estão deslocados
Na terça feira, 04, Matthew Saltmarsh, porta-voz do ACNUR, a Agência da ONU para os Refugiados, afirmou que a violência em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, já forçou cerca de 1 milhão de pessoas a fugir. Esta semana marca cinco anos desde o início da violência extrema na província moçambicana.
Cinco anos após o início da violência, a situação humanitária em Cabo Delgado continuou a se deteriorar e os números de deslocamento aumentaram 20%, chegando a 946.508 pessoas deslocadas no primeiro semestre deste ano. O conflito se espalhou recentemente para a província vizinha de Nampula, que testemunhou quatro ataques de grupos armados em setembro, que afetaram pelo menos 47.000 pessoas e já deslocaram pelo menos 12.000.
Saltmarsh ressaltou que, tragicamente, o conflito não mostra sinais de diminuição, e milhares de famílias ainda estão sendo forçadas a deixar suas casas por causa de ataques de grupos armados não estatais. “A violência extrema e o deslocamento tiveram um impacto devastador na população. As pessoas testemunharam seus entes queridos sendo mortos, decapitados e estuprados, e suas casas e outras infraestruturas queimadas”, afirmou.
Além disso, homens e meninos capturados são obrigados a fazer parte dos grupos armados. Durante os ataques, os terroristas destroem os meios de subsistência das vilas, e a educação fica inviabilizada, junto à dificuldade de acesso à serviços básicos de alimentação e saúde. “Muitas pessoas foram re-traumatizadas depois de serem forçadas a se mover várias vezes para salvar suas vidas”, disse Saltmarsh.
Apesar do deslocamento contínuo em Cabo Delgado, muitas pessoas começaram a voltar para suas casas em áreas que consideram como seguras, com o avanço das operações realizadas pelo Exército de Moçambique, com o apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). Um desses destinos é o distrito de Palma, para onde milhares de pessoas tem retornado. O distrito viu ataques mortais em março de 2021, que deslocaram a maioria das 70.000 pessoas que viviam no local.
De acordo com os dados mais recentes do ACNUR, pelo menos 4.000 pessoas já morreram por causa dos conflitos.
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação Virtual