A ilha italiana de Lampedusa, um dos epicentros da questão migratória na Europa, vai se candidatar a Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). A ilha, localizada a cerca de 100km da costa africana, costuma aparecer nos noticiários pelas tragédias envolvendo migrantes que cruzam o Mediterrâneo, mas são os gestos acolhedores de seus habitantes que lançarão sua candidatura.
A ação será lançada no dia 12 de setembro, durante um concerto do pianista Giovanni Allevi em Lampedusa. A candidatura já estava prevista no dossiê de candidatura de Agrigento a capital italiana da cultura de 2025.
O processo de candidatura será liderado pela associação “Perou” no âmbito do projeto Avenir, se baseia no catamarã de 67 metros projetado para o resgate de migrantes em alto mar. O instrumento pioneiro representa não apenas um meio de salvação, mas um símbolo de fraternidade e cuidado.
Tragédia chamou a atenção do mundo
Em 3 de outubro de 2013, nas proximidades de Lampedusa, ocorreu um dos naufrágios mais letais da história, que vitimou 368 migrantes que haviam partido da Líbia em um barco com cerca de 500 pessoas, chamando a atenção do mundo para as perigosas travessias do Mediterrâneo. Estima-se que cerca de 155 migrantes sobreviveram ao naufrágio.
De acordo com o Projeto Migrantes Desaparecidos da OIM (Organização Internacional para as Migrações), desde 2014, quando os dados começaram a ser contabilizados, 25.303 migrantes morreram ao cruzar o Mediterrâneo Central. O pico de fatalidades foi registrado em 2016, quando 4.574 migrantes perderam a vida na região.
Visita do Papa Francisco em 2013
Em 8 de julho de 2013, poucos meses antes da tragédia, o Papa Francisco visitou a ilha de Lampedusa na primeira viagem de seu pontificado. “Emigrantes mortos no mar; barcos que em vez de ser uma rota de esperança, foram uma rota de morte. Assim recitava o título dos jornais”, recordou Francisco durante sua homilia na Santa Missa pelas vítimas dos Naufrágios celebrada na ilha.
“Senti o dever de vir aqui hoje para rezar, para cumprir um gesto de solidariedade, mas também para despertar as nossas consciências a fim de que não se repita o que aconteceu. Que não se repita, por favor”, pediu Francisco, que agradeceu, ainda, aos habitantes de Lampedusa e Linosa, voluntários, associações e forças de segurança por suas ações de cuidado com os migrantes.
Por Amanda Almeida, do Serviço de Comunicação, com informações do MigraMundo