Mundo tem mais de 120 milhões de deslocados forçados
O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) lançou nesta terça-feira, 12, o relatório “Sem escapatória: na linha de frente das mudanças climáticas, conflitos e deslocamento forçado”, que aborda a relação entre mudanças climáticas e o deslocamento forçado. O documento foi lançado na COP29, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que acontece em Baku, Azerbaijão.
De acordo com o documento, dos mais de 120 milhões de deslocados forçados em todo o mundo, pelo menos 90 milhões vivem em países com “exposição alta a extrema a perigos relacionados ao clima e quase metade de todas as pessoas deslocadas à força estão suportando o peso tanto de conflitos quanto dos efeitos adversos das mudanças climáticas.”
Além disso, o relatório aponta que as mudanças climáticas também são responsáveis pelo aumento nos deslocamentos forçados, tanto internos quanto internacionais, sendo que, nos últimos 10 anos, desastres climáticos causaram cerca de 220 milhões de deslocamentos internos, o equivalente a quase 60.000 deslocamentos por dia.
“À medida que os perigos relacionados ao clima aumentam nas próximas décadas, os riscos para as pessoas deslocadas e seus anfitriões crescerão significativamente”, alerta o relatório, que aponta que, até 2040, o número de países enfrentando perigos climáticos extremos deve passar de 3 para 65, sendo que a maioria deles já hospeda populações deslocadas.
O documento aponta que, dos mais de 11 milhões de deslocados do atual conflito no Sudão, que incluem mais de 2 milhões de refugiados em países vizinhos, quase 700.000 pessoas fugiram para o Chade, um dos países mais vulneráveis do mundo às mudanças climáticas e onde muitos dos refugiados sofrem com chuvas e inundações constantes, que destroem abrigos e infraestrutura básica.
O relatório recorda, ainda, as inundações de maio de 2024 no Rio Grande do Sul, que deslocaram cerca de 580.000 indivíduos e afetaram 2,3 milhões de pessoas, entre os quais estão cerca de 43.000 refugiados da Venezuela, Haiti e Cuba.
“As mudanças climáticas estão aumentando os desafios que as pessoas deslocadas enfrentam para garantir lugares seguros para se estabelecerem e chamarem de lar, aumentando assim o risco de movimentos prolongados, recorrentes e contínuos. Isso também compromete soluções duradouras e oportunidades de retorno ou reintegração”, destaca o relatório, que pontua, ainda, a necessidade crescente de aplicar os instrumentos existentes para refugiados e de defender e a justiça climática para todos aqueles que vivem em áreas frágeis e afetadas por conflitos.
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação