Nesta quarta-feira, 14, o Papa Leão XIV se encontrou com os 5 mil participantes do Jubileu das Igrejas Orientais na Sala Paulo VI, no Vaticano. Durante o encontro, reforçou seu apelo pela paz e destacou a importância das Igrejas Orientais.
“Sinto-me feliz por estar convosco e por dedicar uma das primeiras audiências do meu pontificado aos fiéis orientais”, afirmou o Papa Leão XIV, que foi eleito há uma semana. Ele reafirmou, ainda, as palavras do Papa Francisco de que as Igrejas Orientais devem ser “valorizadas e estimadas pelas únicas tradições espirituais e sapienciais que preservam e por tudo o que têm a nos dizer sobre a vida cristã, a sinodalidade e a liturgia.”
Ele recordou, ainda, que o Papa Leão XIII foi o primeiro Papa a dedicar um documento específico à dignidade das Igrejas Orientais. O Pontífice recordou que, também nos dias atuais, muitos orientais são obrigados a fugir de seus países, entre eles muitos membros das Igrejas Orientais, “por causa da guerra e da perseguição, da instabilidade e da pobreza, e correm o risco de perder não só as suas terras natais, mas também, quando chegarem ao Ocidente, a sua identidade religiosa. Como resultado, com o passar das gerações, perde-se a inestimável herança das Igrejas Orientais.”
Leão XIV destacou seu desejo de definir princípios, normas e orientações pelas quais os Bispos latinos possam apoiar os católicos orientais nos seus esforços para manter vivas suas tradições. “A Igreja precisa de vós. A contribuição que o Oriente cristão pode nos oferecer hoje é imensa!”, afirmou.
“Quem, melhor do que vós, experimentou tão de perto os horrores da guerra que o Papa Francisco se referiu a vós como “Igrejas mártires” Da Terra Santa à Ucrânia, do Líbano à Síria, do Oriente Médio ao Tigré e ao Cáucaso, quanta violência vemos!”, sublinhou o Papa, que recordou que, desse horror, ressoa o apelo “não tanto do Papa, mas do próprio Cristo, que repete: A paz esteja convosco!”
O Pontífice destacou que a paz de Cristo não é o “silêncio sepulcral” que vem após o conflito, tampouco é fruto da opressão, “mas um dom destinado a todos, um dom que traz vida nova. Rezemos por esta paz, que é reconciliação, perdão e coragem de virar a página e começar de novo.”
“Da minha parte, farei todos os esforços para que esta paz prevaleça. A Santa Sé está sempre pronta a ajudar a unir os inimigos, face a face, a falar uns com os outros, para que os povos de toda a parte possam encontrar de novo a esperança e recuperar a dignidade que merecem, a dignidade da paz”, afirmou Leão XIV.
Dirigindo-se aos líderes mundiais, o Papa fez um pedido: “encontremo-nos, conversemos, negociemos! A guerra nunca é inevitável”, ressaltando que as armas podem e devem ser silenciadas, pois não resolvem os problemas. “Nossos vizinhos não são primeiro nossos inimigos, mas nossos semelhantes; não criminosos a serem odiados, mas outros homens e mulheres com quem podemos falar”, sublinhou.
“A Igreja não se cansará de repetir: silenciem-se as armas”, afirmou, agradecendo a todos os que, no silêncio, na oração e no sacrifício de si mesmos, semeiam a paz. “Dou graças a Deus por aqueles cristãos – orientais e latinos – que, sobretudo no Médio Oriente, perseveram e permanecem nas suas pátrias, resistindo à tentação de as abandonar”, disse o Pontífice, que pediu esforços para que os cristãos tenham a oportunidade de permanecer em suas terras natais de forma segura.
Leão XIV agradeceu aos católicos do Oriente por serem “luzes no nosso mundo” e pediu que continuem “a se destacar por sua fé, esperança e caridade, e nada mais. Que as vossas Igrejas sejam exemplares e que os vossos Pastores promovam a comunhão com integridade, especialmente nos Sínodos dos Bispos, para que sejam lugares de fraternidade e de autêntica co-responsabilidade.”
Por Amanda Almeida, do Serviço de Comunicação