Durante uma entrevista coletiva concedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Itália, no dia 22 de junho, ele falou sobre a questão da migração e que é preciso defender “o trânsito livre de seres humanos da mesma forma que se permite o trânsito livre de dinheiro”.
A coletiva aconteceu após uma série de eventos e agendas com autoridades italianas, entre eles, um encontro com o Papa Francisco; o presidente da Itália e a primeira primeira-ministra, Giorgia Meloni. O presidente Lula falou sobre migração ao responder à pergunta de Julio Cero, jornalista italiano de La Reppublica.
“Nós precisamos ter coragem de defender o trânsito livre de seres humanos da mesma forma que se permite o trânsito livre de dinheiro. O dinheiro circula por todos os países sem mostrar passaporte. Então é preciso que a gente tenha mais paciência, mais maturidade para defender os migrantes”, disse o Presidente.
Lula disse que “as pessoas que fogem porque não têm como sobreviver. O ser humano é por natureza nômade. O ser humano, por natureza, vive em busca do que comer, em busca de trabalhar, ele vive em busca das coisas melhores. Então é normal que, se você tem centros de pobreza no mundo, se você tem centros de violência, é normal que as pessoas queiram transitar de um lugar para outro.”
“Assim que foi criada a humanidade. É assim que nós vivemos há milhares de anos. Então é importante que a gente também construa esse discurso que eu acho que ajudará a gente a fazer o embate com os setores mais conservadores na Europa. E que não é só na Europa, é na Europa, nos Estados Unidos, no Brasil, é na América Latina, é em todos os lugares”, continuou.
A Itália é abrangida pela chamada rota do Mediterrâneo Central, uma das rotas migratórias mais mortais, que sai da Líbia, Argélia e da Tunísia em direção à Europa, rumo aos territórios italiano e maltês. Giorgia Meloni já deu inúmeras declarações contra a entrada de migrantes no país, além de dificultar o resgate e acolhida dos imigrantes.
No governo, um dos primeiros decretos sobre migrantes dificultou as atividades das ONGs que organizam operações de resgate no Mediterrâneo, além de afirmar-se contra a proteção especial para migrantes sem status de refugiado.
“Tenho como objetivo a eliminação da proteção especial, porque é uma proteção adicional em comparação com o que acontece no resto da Europa”, afirmou Meloni aos jornalistas italianos, antes de terminar uma visita oficial à Etiópia, em abril deste ano.
Uma nova governança de paz
Em resposta a Marcos Uchôa, da Tv Brasil, o presidente afirmou que o Papa Francisco é hoje a mais importante autoridade política que existe no Planeta Terra. “Não só pelo que ele representa, mas pela sua postura naquilo que ele fala. Primeiro, a luta que o Papa faz sobre a questão da desigualdade. Nós temos que fazer com que a sociedade mundial fique indignada com a questão da desigualdade. Hoje a desigualdade existe na comida, na educação, no salário, na cor, no gênero. O mundo está muito desigual. É preciso que a gente coloque a luta contra a desigualdade no topo das nossas preferências para lutar”.
Além disso, ele salientou a posição do Papa em relação à guerra. “O Papa tem mandado seus cardeais que estão discutindo com Zelensky, discutindo com o Putin. É por isso que nós, no Brasil, estamos defendendo uma nova governança mundial. Ou seja, então é preciso que a gente tenha consciência de que a geopolítica que formatou a ONU em 1945 não existe mais. O mundo mudou. As pessoas mudaram”, comentou Lula.
Por Nayá Fernandes, da Equipe de Comunicação, com informações de Gov.br e Observador.pt