No ano em que celebramos os 130 anos da fundação da Congregação das Irmãs Scalabrinianas e da chegada de Madre Assunta Marchetti ao Brasil, traremos uma série de entrevistas para conhecer a realidade da missão das Scalabrinianas na Província Maria, Mãe dos Migrantes.
A Diocese de Bagé/RS está situada nos pampas gaúchos e seu território faz fronteira com Uruguai, abrangendo doze municípios. É formada por dezesseis paróquias, um Santuário, uma Capelania Militar e uma grande rede de assentamentos.
As Scalabrinianas chegaram na Diocese de Bagé em 1976, para atendimento aos migrantes internos na rede de assentamentos, especialmente na área escolar, e, em 1992, assumiram a Coordenação Diocesana da Catequese. Para conhecer melhor essa missão, conversamos com a Ir. Renata Biasibetti, Missionária Scalabriniana e Coordenadora Diocesana da Catequese, que compartilha sua experiência sobre o trabalho na Pastoral Catequética de Bagé.
Confira abaixo a entrevista do Serviço de Comunicação com a Ir. Renata Biasibetti.
Qual é o perfil do público atendido pela Pastoral Catequética?
Ir. Renata: A pastoral da catequese atende crianças, adolescentes, jovens e adultos. Atualmente muitos adultos buscam se preparar para receber os sacramentos da Iniciação Cristã (Batismo, Eucaristia e Crisma).
Quais são os principais desafios enfrentados pela missão nesta região?
Ir. Renata: Alguns dos desafios são as grandes distâncias para chegar às paróquias e o pouco interesse das famílias, que não acompanham seus filhos, não participam e não sentem a catequese como prioridade. Além disso, há falta de catequistas, pois muitas crianças buscam a catequese, mas temos poucas pessoas disponíveis para assumir esta missão.
Como as Scalabrinianas respondem a essas necessidades?
Ir. Renata: A coordenação, da qual estou juntamente com uma equipe, tem um ambiente próprio com um bom material para preparação de subsídios a serem enviados aos catequistas, ajudando-os na preparação dos encontros, além do manual próprio que cada catequista possui, material preparado pela Província Eclesiástica a partir da orientação da CNBB. Há um constante acompanhamento aos grupos das paróquias e assentamentos, dialogando com catequistas e padres das paróquias.
Como é o dia a dia do trabalho com a catequese?
Ir. Renata: Temos contato frequente com as coordenações das paróquias, com envio de subsídios para que as coordenações paroquiais repassem aos seus catequistas.
Realizamos o estudo de temas, organização e elaboração de material para, além de enviar, também serem usados nos encontros de formação nas próprias paróquias por ocasião das visitas realizadas. Mensalmente temos reuniões com a equipe da coordenação diocesana.
Participamos de reuniões da equipe catequética de coordenação da Província Eclesiástica (Bagé, Rio Grande e Pelotas) e do Regional Sul 3. Além disso, em preparação ao recebimento dos sacramentos da eucaristia e crisma, realizamos retiros com os catequizandos de todas as paróquias.
Quais são os maiores frutos do trabalho da missão?
Ir. Renata: Em 2019 foi iniciado em todas as paróquias o processo Catecumenal de Iniciação à Vida Cristã – Catecumenato. Este processo está trazendo bons resultados. A catequese está passando de uma catequese sacramental para uma catequese mais vivencial, onde as famílias dos catequizandos participam e acompanham seus filhos no decorrer de todo o processo. Muitos, especialmente os adultos, após receberem os sacramentos, permanecem na comunidade, integrando-se em pastorais ou movimentos. Dá-se portanto a importância da catequese para adultos.
Com o início do processo de Iniciação à Vida Cristã, houve um grande aumento do número de catequistas, embora ainda haja falta, e de catequizandos. Muitos adultos estão buscando aprofundar sua fé participando da catequese.
Na missão de Coordenadora Diocesana da Catequese, visito os grupos dos catequistas em cada paróquia duas vezes ao ano ou mais, conforme as necessidades. Uma vez ao ano, no dia dos catequistas, é realizada a Jornada Catequética, onde se reúnem os catequistas de toda a Diocese. Além do reencontro e partilha da caminhada, sempre é refletido um tema atual que venha ao encontro das necessidades dos catequistas. No ano de 2024, por exemplo, foi aprofundado o tema “Catequese inclusiva”.
O que significa para você viver os 130 anos da fundação da Congregação em sua missão?
Ir. Renata: A vocação é um chamado de Deus. Desde a infância, falava para minha família que queria ser Irmã e quando questionada porque ser irmã dizia: para ajudar a muitas pessoas.
Na época não entendia o que isto significava, mas hoje este pensar da infância já se tornou muito claro. Passei por várias comunidades ajudando as pessoas. Trabalhei na formação de jovens formandas, no serviço de animação vocacional e atualmente na animação bíblico catequética. Celebrar 130 anos de Congregação é celebrar uma caminhada de muitas graças e bênçãos. Muitos foram os desafios e conquistas que ajudaram a fortalecer a caminhada.
Hoje estamos na Diocese de Bagé dando continuidade à missão na catequese, iniciada há 130 anos na Congregação. Dizia São João Batista Scalabrini: “A catequese é precisamente a base onde se deve fundamentar toda a pregação e toda ação pastoral. Salvamos a sociedade mediante uma boa catequese.”
Do Serviço de Comunicação
