Cerca de 750 mil etíopes vivem na Arábia Saudita, segundo o relatório
O Human Rights Watch (HRW) divulgou na segunda-feira, 21, um relatório no qual afirma que guardas de fronteira da Arábia Saudita mataram centenas de migrantes etíopes na fronteira com o Iêmen entre março de 2022 e junho de 2023.
Segundo a organização, os guardas utilizaram armas explosivas para matar grupos de migrantes, além de atirarem de perto contra outros migrantes, entre os quais estavam mulheres e crianças.
O relatório da HRW entrevistou 42 pessoas, sendo 38 migrantes e requerentes de asilo etíopes, que tentaram cruzar a fronteira entre Arábia Saudita e Iêmen no período analisado, e 4 familiares ou amigos de pessoas que tentaram realizar a travessia.
Segundo o relatório, grupos de até 200 pessoas tentavam regularmente cruzar a fronteira do Iêmen para a Arábia Saudita, muitos deles fazendo várias tentativas após serem empurrados de volta pelos guardas de fronteira sauditas. Segundo os migrantes entrevistados no relatório, os grupos tinham mais mulheres do que homens e crianças desacompanhadas.
“Pessoas que viajavam em grupos descreveram ter sido atacadas por projéteis de morteiros e outras armas explosivas vindos da direção dos guardas de fronteira sauditas, uma vez que cruzaram a fronteira”, afirma a HRW. Além disso, pessoas que viajavam em grupos menores ou sozinhas relataram que, após cruzarem a fronteira, guardas de fronteira sauditas armados com rifles atiraram contra eles.
Além dos relatos, a Human Rights Watch afirma ter baseado seu relatório na análise de cerca de 350 vídeos e fotografias de migrantes mortos e feridos na fronteira, que foram verificados com a ajuda de imagens de satélite.
A entidade pede à Arábia Saudita a revogação imediata de qualquer política de utilização de força letal contra migrantes e solicitantes de asilo. Ainda, pede que seja criada uma investigação na ONU para “avaliar os abusos contra os migrantes e se os assassinatos constituem crimes contra a humanidade”.
Cerca de 750.000 etíopes vivem hoje na Arábia Saudita, segundo a HRW. Apesar de muitos deles terem migrado por motivos econômicos, outros fugiram de violações dos direitos humanos na Etiópia, como o recente conflito armado no norte do país.
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação