Pedido vem 10 anos após naufrágio de barco com mais de 500 migrantes em Lampedusa
Em um comunicado conjunto divulgado nessa terça-feira, 03, a Diretora Geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Amy Pope, e o Alto Comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, pediram o fim das tragédias envolvendo barcos de migrantes. A data marca o 10º aniversário do naufrágio de uma embarcação com mais de 500 pessoas na costa de Lampedusa.
“Quando um barco com mais de 500 mulheres, homens e crianças afundou ao largo da costa da ilha italiana de Lampedusa, há dez anos, o mundo disse “nunca mais”. Hoje, no décimo aniversário desse naufrágio, não cumprimos esse compromisso”, escreveram os chefes da OIM e ACNUR.
De acordo com o comunicado, o ano de 2023 registou o primeiro trimestre mais mortífero desde 2017 e, até 2 de outubro, 2.517 pessoas foram dadas como mortas ou desaparecidas no Mediterrâneo Central, a principal rota utilizada por migrantes que tentam chegar até a Europa.
No texto, eles destacaram que “raramente passa uma semana sem histórias de tragédias e incidentes dramáticos de todo o mundo, seja no mar ou em rotas terrestres”, os quais são evitáveis e precisam de uma “resposta significativa”, diante do fato de que foram “terrivelmente normalizados”.
Os chefes das agências da ONU apelaram por mais esforços para cooperar em operações de busca e salvamento, na garantia de assistência aos refugiados, estabelecer rotas migratórias regulares eficazes que atendam às necessidades e defendam os direitos dos migrantes, combater o tráfico humano, recolher e divulgar dados para prevenir e resolver casos de migrantes e refugiados desaparecidos e, ainda, acabar com a criminalização das pessoas que prestam assistência humanitária.
“Ao assinalarmos uma década desde o naufrágio de Lampedusa, devemos redobrar os nossos esforços para evitar que tais tragédias voltem a ocorrer. A comunidade internacional tem a capacidade de fazer a diferença. Agora devemos demonstrar que temos vontade e compromisso”, ressaltaram.
Segundo dados do ACNUR, pelo menos 188.940 migrantes já chegaram à Europa pelo Mar Mediterrâneo desde janeiro de 2023, de um total de 194.258 chegadas por terra e mar, que abrange os dados da Itália, Grécia, Chipre, Malta e Espanha. Em 2022, o total foi de 159.410 chegadas registradas, ano em que pelo menos 2.439 migrantes morreram ou desapareceram na região.
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação