Em julho, o Papa Francisco chamou a atenção para expulsões de migrantes para o deserto pela Tunísia
Nessa sexta-feira,17, o Papa Francisco recebeu na Casa Santa Marta o migrante Mbengue Nyimbilo Crepin, conhecido como Pato, que perdeu a mulher, Matyla, e a filha, Marie, de seis anos, no deserto em sua viagem rumo à Itália. Mais de 146 mil migrantes já chegaram às costas italianas em 2023, segundo o ACNUR.
Pato estava acompanhado pelo padre Mattia Ferrari, que, como capelão, participou de muitas missões de resgate da “Mediterranea Saving Humans”, inclusive a que resgatou Mbengue. Com eles, estavam, ainda, outros migrantes e colaboradores de associações e realidades comprometidas com o acolhimento e integração de refugiados e o Cardeal Michael Czerny, Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.
Em julho, a Tunísia expulsou cerca de 1.200 migrantes indocumentados para o deserto nas fronteiras com a Líbia e a Argélia. Entre eles estava Pato, que foi deixado no deserto perto da fronteira com a Líbia junto a outras 30 pessoas. Sem água e no calor de 50°C graus, o grupo se separou e sua esposa e filha acabaram não resistindo às condições.
Durante o encontro, o Papa ouviu o agradecimento de Mbengue pelo encontro e os relatos do sofrimento das milhares de pessoas que tentam chegar até a Europa. Após ouvir os presentes, Francisco afirmou a Pato que rezou “muito” por sua esposa e filha e, antes de se despedir, rezou por aqueles que estavam no encontro e por todos os que sofrem, em especial nos campos de detenção.
Em 23 de julho, durante o Angelus, o Papa Francisco chamou a atenção para o drama vivido pelos migrantes expulsos para o deserto pela Tunísia. “Milhares deles, em meio a sofrimentos indescritíveis, estão presos e abandonados em áreas desérticas há semanas”, disse o Pontífice, que pediu aos governos africanos e europeus por socorro aos migrantes abandonados na região.
“Que o Mediterrâneo nunca mais seja um teatro de morte e desumanidade. Que o Senhor ilumine as mentes e os corações de todos, despertando sentimentos de fraternidade, solidariedade e acolhimento”, pediu Francisco na ocasião.
De acordo com dados do ACNUR, a Agência da ONU para os refugiados, em 2023 pelo menos 146.504 migrantes já chegaram à Itália pelo Mar Mediterrâneo, onde 2.479 pessoas já perderam a vida desde o início de 2023, sendo que 102 delas eram crianças.
Desse total, desde janeiro, 2.188 migrantes morreram ou desapareceram apenas no Mediterrâneo Central, rota utilizada para chegar à Itália, superando as mortes registradas na região no ano passado, quando 1.417 pessoas perderam a vida.
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação, com informações de Vatican News