Cerca de 700 migrantes morreram ou desapareceram na rota de e para o Chifre da África no ano passado
De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM) o naufrágio de um barco com pelo menos 77 migrantes ocasionou na morte de 24 pessoas e deixou outras 20 desaparecidas na costa do Djibouti nesta quarta-feira, 24. Essa é a segunda tragédia do tipo na região em duas semanas. Desde o início do ano, cerca de 100 migrantes já morreram tentando realizar a rota do Chifre da África até o Iêmen.
Segundo a OIM, o barco partiu de Ras al-Ara, no Iemên, no dia 22 de abril com pelo menos 77 pessoas e virou próximo à cidade costeira de Obock, no Djibouti. De acordo com a Organização, 33 migrantes que estavam a bordo sobreviveram ao acidente. As autoridades locais estão realizando operações de busca e salvamento na esperança de encontrar mais sobreviventes.
O acidente desta quarta-feira acontece duas semanas após outro acontecimento semelhante na região, na qual pelo menos 38 migrantes morreram. De acordo com a OIM, acedita-se que em ambos os incidentes os migrantes tentavam voltar do Iémen para o Djibouti depois de não terem conseguido chegar à Arábia Saudita, onde esperavam encontrar trabalho e melhores oportunidades.
Tanja Pacifico, Chefe de Missão da OIM no Djibouti, afirmou que a ocorrência das duas tragédias em um período tão curto “destaca os perigos enfrentados por crianças, mulheres e homens que migram através de rotas irregulares, sublinhando a importância de estabelecer caminhos seguros e legais para a migração.”
Segundo a Organização, todos os anos milhares de migrantes do Chifre da África, principalmente da Etiópia e da Somália, partem do continente através do Djibouti tentando chegar à Arábia Saudita e outras nações do Golfo. No entanto, muitos não têm sucesso e milhares de pessoas estão retidas no Iêmen, onde enfrentam condições extremamente duras.
Em 2023, a Matriz de Rastreamento de deslocados (DTM) da OIM registrou cerca de 380 mil movimentos ao longo do Corredor Oriental desde o Chifre da África até países da Península Arábica, onde pelo menos 1.350 migrantes morreram e “muitas mais não são notificadas”. Desde o início de 2024, a DTM da OIM registrou que pelo menos 3.682 migrantes partiram do Iêmen para chegar ao Djibouti, mais que o dobro do número registrado no mesmo período do ano passado.
De acordo com o projeto Missing Migrants, da OIM, pelo menos 89 migrantes já morreram ou desapareceram em 2024 na parte africana da rota de e para o Chifre da África Oriental. Na parte correspondente à Ásia Ocidental, o número foi de 7 migrantes mortos ou desaparecidos desde 1º de janeiro. Em 2023, os registros apontam 163 mortes ou desaparecimentos para a parte africana da rota, enquanto a parte asiática conta com 538 notificações de mortes ou desaparecimentos.
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação