O Papa Francisco publicou nesta quinta-feira, 24, sua quarta Encíclica, intitulada “Dilexit Nos”, sobre o amor humano e divino do coração de Jesus. O documento destaca o papel central do amor divino na vida cristã e explora como esse amor pode ser vivido nas relações humanas e na ação social.
Francisco destaca, no texto, que, para explicar o amor de Jesus Cristo, é comum que se recorra ao símbolo do coração, gerando, inclusive, questionamentos de que isto tenha um significado válido. No entanto, afirma o Papa, “é necessário recuperar a importância do coração quando nos assalta a tentação da superficialidade, de viver apressadamente sem saber bem para quê, de nos tornarmos consumistas insaciáveis e escravos na engrenagem de um mercado que não se interessa pelo sentido da nossa existência.”
O Papa destaca que o Coração de Cristo “simboliza o centro pessoal de onde brota o seu amor por nós” e é onde está a origem da fé, que mantém vivas as convicções cristãs. “A devoção ao Coração de Cristo não é o culto a um órgão separado da Pessoa de Jesus”, sublinha Francisco, que ressalta que o objeto de contemplação e adoração é Jesus Cristo “por inteiro”, que é representado em uma imagem que destaca o seu coração. Ele destaca que o coração de carne é uma imagem privilegiada do centro mais íntimo de Jesus e do seu amor, que é, ao mesmo tempo, divino e humano, pois esse é o símbolo de sua “imensa caridade.”
Francisco pontua que esta Encíclica permite descobrir que “o que está escrito nas encíclicas sociais Laudato si’ e Fratelli tutti não é alheio ao nosso encontro com o amor de Jesus Cristo”, uma vez que o contato com esse amor nos torna capazes de tecer laços fraternos, de reconhecer a dignidade de todos e de cuidar juntos da casa comum.
O Papa afirma que, nos dias atuais, “tudo se compra e se paga”, fazendo que o próprio sentido da dignidade passe a depender daquilo que é possível obter com o dinheiro. Ele destaca que somos impelidos a uma mentalidade consumista, que aprisiona a todos em um “sistema degradante” que não permite olhar além das próprias necessidades. No entanto, o amor de Cristo está fora deste sistema e só ele pode libertar o mundo “desta febre onde já não há lugar para o amor gratuito. Ele é capaz de dar coração a esta terra e reinventar o amor lá onde pensamos que a capacidade de amar esteja morta para sempre.”
Francisco ressalta que a Igreja também precisa do coração de Jesus, para que o amor de Cristo não seja substituído por obsessões de outros tempos, adoração da própria mentalidade e fanatismos que ocupam o lugar do “amor gratuito de Deus que liberta, vivifica, alegra o coração e alimenta as comunidades”. Ele recorda que, da ferida do lado de Cristo ainda corre o rio que nunca se esgota e que sempre se oferece a quem quer amar. “Só o seu amor tornará possível uma nova humanidade”, afirma o Papa.
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação