Nesta quinta-feira, 12, foi divulgada a Mensagem do Papa Francisco para o 58º Dia Mundial da Paz, que será celebrado em 1º de janeiro de 2025 com o tema “Perdoa-nos as nossas ofensas, concede-nos a tua paz”.
Francisco inicia o texto recordando a celebração do Jubileu em 2025, “um acontecimento que enche os corações de esperança”, que remonta a uma antiga tradição judaica, quando a cada 49 anos o toque da trombeta anunciava um tempo de clemência e libertação para todos. “Este apelo solene deveria ecoar por todo o mundo, a fim de restabelecer a justiça de Deus nos diferentes âmbitos da vida: no uso da terra, na posse dos bens, na relação com o próximo”, recordando “que ninguém vem ao mundo para ser oprimido”, ressalta o Papa.
O texto destaca que, também atualmente, o Jubileu é um momento que impele todos a buscar a justiça libertadora de Deus. Francisco exorta os fiéis a, ao invés da trombeta, estarem atentos ao grito de ajuda que se eleva de muitas partes da terra, unindo-se à voz que denuncia situações de exploração da terra e de opressão ao próximo. “Estas injustiças assumem, por vezes, o aspecto daquilo a que São João Paulo II definiu como «estruturas de pecado», porque não se devem apenas à iniquidade de alguns, mas estão, por assim dizer, enraizadas e contam com uma cumplicidade generalizada”, afirma.
O Papa ressalta que cada um deve se sentir, de alguma forma, responsável pela devastação da casa comum, começando pelas ações que, de uma forma ou de outra, alimentam os conflitos que assolam a humanidade. Entre os desafios que afligem o planeta, Francisco destaca o tratamento desumano aos migrantes, a degradação ambiental, a desinformação, a rejeição ao diálogo e o financiamento ostensivo da indústria militar. “No início deste ano, portanto, queremos escutar este grito da humanidade para nos sentirmos chamados, todos nós, juntos e de modo pessoal, a quebrar as correntes da injustiça para proclamar a justiça de Deus”, escreve o Pontífice.
Francisco sublinha que o Jubileu convida a todos a realizar mudanças para enfrentar a injustiça e a desigualdade, recordando “que os bens da terra não se destinam apenas a alguns privilegiados, mas a todos”. Ele recorda, ainda, que “quando não há gratidão, o homem deixa de reconhecer os dons de Deus”, mas, ainda assim, Deus não abandona os homens que pecam contra Ele, mas os perdoa.
Ele pontua que, quando uma pessoa ignora sua ligação com Deus, passa a nutrir o pensamento de que as relações com o próximo podem seguir uma lógica de exploração, em que o mais forte prevalece sobre o mais fraco. Francisco ressalta que, assim como no tempo de Jesus as elites se aproveitavam do sofrimento dos mais pobres, também hoje “o sistema internacional, se não for alimentado por uma lógica de solidariedade e interdependência, gera injustiças que, exacerbadas pela corrupção, aprisionam os países pobres.”
“Não me canso de repetir que a dívida externa se tornou um instrumento de controle, através do qual alguns governos e instituições financeiras privadas dos países mais ricos não hesitam em explorar indiscriminadamente os recursos humanos e naturais dos países mais pobres para satisfazer as necessidades dos seus próprios mercados”, escreve o Papa. Ele recorda que a isto soma-se o fato de que muitas nações, já sobrecarregadas pela dívida internacional, são obrigadas a suportar também o peso da dívida ecológica dos outros países.
Francisco renova seu apelo à comunidade internacional para perdoar a dívida externa, “reconhecendo a existência de uma dívida ecológica entre o Norte e o Sul do mundo”, pontuando que a dívida ecológica e a dívida externa são dois lados da mesma moeda. “É um apelo à solidariedade, mas sobretudo à justiça”, destaca.
Três propostas para um caminho de esperança
O Papa propõe em seu texto três ações para “devolver a dignidade à vida de populações inteiras e colocá-las de novo no caminho da esperança”.
A primeira das ações propostas é o perdão da dívida externa, que pesa sobre o destino de tantos países. Francisco destaca que, de modo a não ser um ato isolado de beneficência, deve ser desenvolvida uma nova arquitetura financeira que conduza à criação de um acordo financeiro global, baseado na solidariedade e na harmonia entre os povos.
A segunda ação proposta é a eliminação da pena de morte em todas as nações, de modo a promover o respeito pela dignidade da vida humana desde a concepção até a morte natural, pois esta punição, “além de comprometer a inviolabilidade da vida, aniquila toda a esperança humana de perdão e de renovação”.
Por fim, a terceira proposta é a criação de um fundo mundial para acabar definitivamente com a fome, destinando uma porcentagem fixa do dinheiro gasto com armamentos a esse fundo, de modo a tentar eliminar “qualquer pretexto que possa levar os jovens a imaginar o seu futuro sem esperança, ou como uma expectativa de vingar o sangue derramado por seus entes queridos.”
Francisco pontua que através dos gestos propostos, será possível estar cada vez mais próximo à paz tão desejada. Ele destaca que “desarmar o coração é um gesto que compromete a todos, do primeiro ao último, do pequeno ao grande, do rico ao pobre”, sendo, muitas vezes, suficiente um sorriso, um olhar fraterno, uma escuta sincera ou um serviço gratuito para que o mundo se aproxime da meta da paz. “Com efeito, a paz não vem apenas com o fim da guerra, mas com o início de um mundo novo, um mundo no qual nos descobrimos diferentes, mais unidos e mais irmãos do que poderíamos imaginar”, afirma o Papa.
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Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação