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CELAC cancela reunião extraordinária sobre migrantes

A atual presidente da Comunidade de Estados Latino-Americanos (CELAC) e presidente de Honduras, Xiomara Castro, anunciou nesta quarta-feira, 29, o cancelamento da reunião agendada para quinta-feira, 30, para tratar sobre as medidas anunciadas pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, em relação aos migrantes. O encontro foi cancelado por “falta de consenso” entre os Países-Membro da CELAC.

O comunicado, publicado nas redes sociais de Xiomara Castro, destaca que Honduras tem impulsionado na CELAC o debate de temas sensíveis, como a crise humanitária no Haiti. “Os migrantes e seus direitos, tanto em trânsito até o país receptor como dentro das Leis dos Estados Unidos, bem como os efeitos e o impacto social e econômico em toda a região que serão ocasionados pelas deportações em massa anunciadas constituem uma preocupação comum que deve ser abordada com objetividade e responsabilidade.”

No entanto, afirma o texto, Honduras recebeu “a oposição sistemática de Países Membros que privilegiaram outros princípios e interesses diferentes dos de unidade da região latino-americana e caribenha como Comunidade.”

De acordo com o comunicado, a Reunião Extraordinária da CELAC foi convocada no domingo, 26, após o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, publicar uma mensagem nas redes sociais pedindo que a presidente Pro Tempore da CELAC convocasse o encontro para tratar das medidas de Donald Trump em relação aos migrantes latino-americanos. O evento aconteceria em formato híbrido.

Crise diplomática entre EUA e Colômbia
Horas após o agendamento da reunião, foi anunciada a crise diplomática entre Estados Unidos e Colômbia, após o governo colombiano se negar a receber dois aviões com cidadãos deportados dos EUA. “Migrante não é criminoso e deve ser tratado com a dignidade que um ser humano merece”, afirmou Petro, que disse que receberia os migrantes “nos aviões civis, sem sermos tratados como criminosos.”

Como reação ao presidente colombiano, Donald Trump anunciou uma série de sanções à Colômbia, como a criação de uma tarifa emergencial de 25% sobre os produtos colombianos que entrem nos EUA, que subiria para 50% em uma semana; o bloqueio de viagens de colombianos aos EUA; a revogação de vistos de autoridades do governo e aliados de Petro; inspeções mais rigorosas na entrada de cidadãos colombianos nos EUA; além de sanções ao Tesouro, setor bancário e setor financeiro colombianos.

Em resposta, Petro anunciou que aplicaria as mesmas tarifas a produtos norte-americanos na Colômbia e que enviaria avião presidencial para buscar os deportados colombianos nos EUA. Horas depois das mensagens, as diplomacias de ambos os países anunciaram o fim do impasse.

Brasil exige explicações sobre brasileiros algemados em voo de deportação
Na sexta-feira, 24, uma aeronave norte-americana que trazia 88 brasileiros em um voo de deportação precisou fazer um pouso de emergência em Manaus devido a problemas técnicos. No avião, que tinha como destino o aeroporto de Confins, em Belo Horizonte/MG, a Polícia Federal constatou que os passageiros deportados eram mantidos algemados.

Por orientação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, a Polícia Federal recepcionou os brasileiros e determinou às autoridades e representantes do governo norte-americano a imediata retirada das algemas. Uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) foi mobilizada para transportar os brasileiros deportados até o destino final. Em nota o MJSP ressaltou que “o uso indiscriminado de algemas e correntes viola os termos de acordo com os EUA, que prevê o tratamento digno, respeitoso e humano dos repatriados.”

Após o ocorrido, a secretária de Comunidades Brasileiras no Exterior e Assuntos Consulares e Jurídicos do Ministério das Relações Exteriores, Márcia Loureiro, se reuniu na segunda-feira, 27, com o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, para tratar sobre o voo de deportação de brasileiros do último fim de semana.

Por Amanda Almeida, do Serviço de Comunicação

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