O ACNUR (Agência da ONU para os Refugiados) divulgou nesta quinta-feira, 12, o relatório Global Trends 2025, que aponta que, ao final de 2024, o mundo atingiu a marca de 123,2 milhões de pessoas deslocadas à força. O número representa um aumento de cerca de 6% em relação ao final de 2023, quando cerca de 120 milhões de pessoas estavam deslocadas à força. O documento aponta, ainda, as crises que mais tem gerado deslocamentos forçados no mundo.
Do total de deslocados forçados ao final de 2024, o relatório aponta que 73,2 milhões eram deslocados internos e 31 milhões eram refugiados sob o mandato do ACNUR. Além desses, 8,4 milhões eram solicitantes de asilo e 5,9 milhões eram refugiados palestinos sob o mandato da UNRWA.
Filippo Grandi, Alto Comissário da ONU para Refugiados, destacou que o mundo vive um momento de “intensa volatilidade nas relações internacionais, com a guerra moderna criando um cenário frágil e angustiante, marcado por intenso sofrimento humano. Devemos redobrar nossos esforços na busca pela paz e encontrar soluções duradouras para refugiados e outras pessoas forçadas a fugir de seus lares.”
O documento destaca, ainda, o Sudão como a maior crise de deslocamento do mundo, com cerca de 14,3 milhões de deslocados internos, cerca de 3,5 milhões a mais que no final de 2023. Além disso, o número de refugiados sudaneses subiu para 2,8 milhões no final de 2024, a maioria, cerca de 1,1 milhão, buscando refúgio no Chade, seguido pelo Egito (602.700) e o Sudão do Sul (487.700).
O relatório traz, também, a situação do Haiti, que sofre com a violência das gangues, que se espalhou da capital Porto Príncipe para outras regiões, fazendo com que o número de deslocados internos saísse de 313.900 para mais de 1 milhão em 2024. O número de refugiados haitianos também cresceu durante o ano, chegando a 423.300, a maioria acolhidos por outros países das Américas.
Outra situação apontada é o conflito prolongado entre o exército congolês e grupos armados não estatais no leste da República Democrática do Congo, que causou o deslocamento de 7,4 milhões de pessoas em 2024. O conflito continua a aumentar em 2025, o que, segundo o relatório, gerou a fuga de cerca de 140.000 pessoas para países vizinhos apenas no início de maio.
O Global Trends destaca, ainda, a situação da Síria, cuja crise iniciada em 2011 produziu uma das maiores situações de deslocamentos forçados do mundo, com cerca de um quarto de sua população deslocada pela guerra. No final de 2024, o número de refugiados sírios era de 6,1 milhões, além de 7,4 milhões de pessoas deslocadas internamente.
O documento aponta que, após a queda do governo Assad, aumentou o número de refugiados em países vizinhos que expressavam intenção de retornar à Síria. Até meados de maio de 2025, estima-se que mais de 500.000 sírios tenham cruzado de volta para a Síria. Essa tendência também é observada no retorno de pessoas deslocadas internamente. O ACNUR estima que 1,2 milhão de deslocados internos retornaram às suas áreas de origem desde o final de novembro de 2024.
De acordo com o Global Trends, 1,6 milhão de refugiados retornaram a seus países de origem em 2024, o maior número em mais de duas décadas, sendo 92% desse total a apenas quatro países: Afeganistão, Síria, Sudão do Sul e Ucrânia. 2024 também registrou o maior número de refugiados reassentados em terceiros países em mais de 40 anos, com cerca de 188.800 reassentamentos. Além disso, em torno de 88.900 refugiados receberam a cidadania do país de acolhimento ou residência permanente.
O relatório completo pode ser acessado em: https://www.unhcr.org/global-trends
Por Amanda Almeida, do Serviço de Comunicação