Na quarta-feira, 24, aconteceu o Encontro formativo das Irmãs que vivem e atuam nos países hispânicos, com o tema “Cuidando de quem cuida dos migrantes”, com a assessoria da Ir. Susana Rocco, MCR. O encontro foi iniciado com a oração conduzida pelas Irmãs que vivem na Argentina, Isabel e Liete, que conduziram as participantes a rezar a oração do cuidado.
Seguiu-se a apresentação do tema do encontro, durante a qual a Ir. Susana Rocco, através de uma metodologia participativa, envolveu as Irmãs com leveza e dinâmica, a perceberem que quem cuida, também merece e necessita ser cuidada em todas as dimensões da vida. Ir. Susana levou a perceber a importância de compreender a necessidade de confiar em si, nas próprias capacidades de gestão, mas, também, de confiar em pessoas que podem ajudar em momentos delicados da vida, sejam pessoas da comunidade, como outros que a vida leva a descobrir.
Foi refletido, também, sobre a confiança, que é a crença na probidade moral, na sinceridade, lealdade, competência, discrição de outrem, é acreditar, é ter fé. Confiar é ter uma profunda segurança em um amigo. Confiar, também, nas ações do Criador, por nós e para nós, que caminha ao nosso lado em todos os momentos.
Ir. Susana enfatizou, ainda, a importância das redes de apoio, com pessoas, instituições e parcerias, que oferecem suporte emocional, prático e profissional em momentos de desafio, promovendo o bem-estar, a segurança e a qualidade de vida tanto do indivíduo como da comunidade. As redes de apoio podem ser informais (amigos, família) ou formais (serviços sociais, de saúde, religiosos), constituindo um vínculo contínuo que ajuda a enfrentar adversidades e a alcançar objetivos.
Ela destacou que um outro elemento que pode dar suporte são os tutores de resiliência, ou seja, indivíduos que, através de um vínculo afetivo e de suporte, ajudam outras pessoas a desenvolverem a capacidade de superar traumas e adversidades. Baseado nas ideias do neuropsiquiatra Boris Cyrulnik, estes tutores oferecem um apoio incondicional e um reconhecimento da capacidade da pessoa de aprender, adaptar-se e ressurgir após experiências difíceis.
Ir. Susana sublinhou que a espiritualidade cristã é outro elemento que é necessário cultivar, na vivência integral do seguimento de Jesus Cristo, que se manifesta no relacionamento com Deus através do Espírito Santo, na busca por uma fé que transforma a vida no dia a dia e na ação em missão. Envolve a totalidade do ser humano (corpo, alma e espírito), a leitura da palavra como guia espiritual e a busca por uma vida que expressa a santidade através do amor a Deus, ao próximo, aos pobres e aos migrantes, segundo a mensagem de Jesus.
A assessora ressaltou, também, a importância e o cultivo da autoestima, pois pela autoestima, resulta a maneira como nos enxergamos, que faz toda diferença no modo como conduzimos as nossas vidas. “Por isso Irmãs, precisamos nos certificar de que a nossa autopercepção é favorável para nós”, disse Ir. Susana, que destacou que, no entanto, manter a autoestima elevada, no entanto, nem sempre é fácil. Com a pressão das redes sociais para ter uma vida “perfeita”, do ambiente de trabalho e de missão, para produzir cada vez mais e das pessoas presentes em nossas vidas, podemos facilmente sucumbir à auto piedade.
“Precisamos nos valorizar e estar contente com o nosso modo de ser, se expressar e viver, pois, assim, transmitimos confiança em nossas ações, decisões e julgamentos”, afirmou.
Outra característica importante do cuidado, destacou a assessora, é o senso de humor, uma habilidade do ser humano de ver graça em situações, e lidar de forma mais amigável e positiva com o que se passa ao redor. Existem muitos estudos científicos que apontam os benefícios do senso de humor na saúde física e mental. “O senso de humor é um atestado de saúde”, dizia o Papa Francisco, que valorizava o bom humor e tentava ajudar os outros com essa sabedoria de vida.
O encontro foi concluído em clima de esperançamento. A esperança é a fonte transformadora que deve mover o nosso coração em busca das nossas realizações. Como diria um dos principais poetas do simbolismo e do pré-modernismo brasileiro, o paraibano Augusto dos Anjos (1884-1914), “a Esperança não murcha, ela não cansa, Também como ela não sucumbe a Crença, vão-se sonhos nas asas da Descrença, voltam sonhos nas asas da Esperança”.
E assim, vamos vivendo, conjugando o verbo esperançar nas esquinas de nossas ações, fazendo o novo de forma diferente, pois é assim que Deus nos plasmou no seio deste Cosmos que aqui habitamos. Como as flores que vão brotando, perfumando e colorindo os nossos sonhos de esperança, sigamos adiante sendo a luz da verdade que queremos ser e fazer brotar os frutos do nosso agir.
E assim vamos caminhando, “de esperança em esperança”, como gostava de ressaltar confiantemente, Dom Paulo Evaristo Arns. Somos filhas da luz da verdade de Deus! Luz que ilumina o nosso existir, e estamos aqui para fazer a nossa parte, construindo um mundo mais humano, justo e fraterno, à luz da Palavra de Deus, que nos rejuvenesce e nos faz caminhar rumo às realizações de felicidade, que queremos ver acontecer em nossas vidas. E, como disse o indiano Mahatma Gandhi (1869-1948): “Não existe caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho”. Por tudo isso, só temos a agradecer!
Por Ir. Carolina de França, com o Serviço de Comunicação