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As 10 crises de deslocados mais negligenciadas estão na África, afirma ONG

Liderando a lista, a República Democrática do Congo tem mais de 5,5 milhões de deslocados internos

A lista das dez crises de deslocamentos mais negligenciadas no mundo, publicada na quarta-feira, 1, pela ONG Conselho Norueguês dos Refugiados (NRC, na sigla em inglês), demonstrou que, pela primeira vez, todas as dez estão no continente africano.

A organização afirma que, apesar de não ser novidade que existam países africanos no topo da lista, o fato de todos os componentes serem do continente africano deve servir de exemplo para a necessidade de maior atenção a essas crises. “Por exemplo, a crise na República Democrática do Congo (RDCongo) tornou-se um exemplo clássico de negligência, aparecendo nesta lista seis vezes seguidas”, afirma a organização.

Ocupando o primeiro lugar na lista, a região nordeste da RDCongo está imersa em conflitos étnicos e, desde novembro de 2015, tem sido observado um aumento nos ataques a campos de deslocados internos, que já ultrapassam 5,5 milhões de pessoas. Além disso, o país enfrenta uma grave crise alimentar, que afeta 27 milhões de pessoas por todo o país, o equivalente a um terço da população.

Junto com a RDCongo, a lista apresenta também as crises em Burkina Faso, Camarões, Sudão do Sul, Chade, Mali, Sudão, Nigéria, Burundi e Etiópia. Para a organização, essas crises são agravadas ainda mais pela pouca cobertura da mídia internacional, além da falta de liberdade de imprensa presente em muitos países africanos.

Segundo o NRC, “o baixo nível de financiamento limita a capacidade das organizações humanitárias de fornecer ajuda humanitária adequada e de fazer um trabalho eficaz de advocacia e comunicação para essas crises, criando um círculo vicioso.”

A exemplo da crise na Ucrânia, que despertou uma onda de solidariedade, a ONG pede que o mesmo seja feito para os países que aparecem na lista. No entanto, o NRC afirma que diversos países doadores estão redirecionando suas doações para a resposta à guerra na Ucrânia. “É uma receita para o desastre”, afirma, “e será sentida em primeiro lugar por pessoas cujos nomes não conhecemos e cujas histórias não foram contadas.”

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