Migrantes nigerianos foram encontrados no leme de navio após viagem de 11 dias no mar
O Ministério do Interior da Espanha notificou, na noite de segunda-feira, 05, a Comissão Espanhola de Ajuda aos Refugiados (CEAR) sobre sua decisão de reconsiderar o pedido de asilo dos três migrantes nigerianos que chegaram às Ilhas Canárias agarrados ao leme de um navio petroleiro na semana passada.
De acordo com autoridades, a admissão para processamento dos pedidos foi comunicada aos dois requerentes cujo processo estava mais avançado. A decisão ocorreu poucas horas depois dos pedidos de asilo dos três migrantes terem sido negados em primeira instância.
Quanto ao terceiro requerente, a reapreciação de sua petição está prevista para quarta-feira, 07. As ONGs Caminando Fronteras e o Secretariado Diocesano para as Migrações, que lhe oferecem aconselhamento jurídico, esperam obter a admissão nas mesmas condições dos outros dois.
A decisão ocorreu poucas horas após ser divulgado que a Espanha havia negado asilo aos três nigerianos que sobreviveram a uma viagem de onze dias como clandestinos no leme de um petroleiro, por considerarem que nenhum respondia ao perfil previsto na legislação de proteção internacional. Os três migrantes foram resgatados na segunda-feira, 28, pelo Serviço de Salvamento Marítimo espanhol em Las Palmas.
Na ocasião, o Governo informou que a resposta não era definitiva e que o caso estava pendente de reexame. Além disso, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) sugeriu abrir caminho para um acolhimento por razões humanitárias para pelo menos um deles, devido à sua vulnerabilidade e estado de saúde.
Tanto a ONG Caminando Fronteras como a CEAR reforçam que nenhum dos três se conhecia antes de embarcar na viagem, que não há relação entre eles e que todos afirmam que embarcaram no petroleiro Alithini II no porto de Lagos sem saber para onde estava indo ou quantos dias duraria a travessia.
De acordo com dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), mais de 12.000 migrantes já chegaram pelo mar ao arquipélago em 2022. Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), desde o início de 2021, pelo menos 1.532 pessoas morreram ou desapareceram no Atlântico tentando chegar às Ilhas Canárias. Desde 2014, já são mais de 50 mil mortos ou desaparecidos em rotas migratórias, segundo a OIM.
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação Virtual