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A pandemia, crises longas e novas ondas de refugiados são responsáveis pelo aumento de 36% da necessidade em relação a 2021
De acordo com um relatório divulgado pelo ACNUR (Agência da ONU para os Refugiados) na terça-feira, 21, mais de 2 milhões de refugiados precisarão ser reassentados no próximo ano. O número para 2023 representa um aumento de 36% em relação às necessidades atuais, que somam 1,47 milhão de pessoas.
De acordo com a agência, o aumento é atribuído ao impacto da pandemia da Covid-19, ao prolongamento de situações de refugiados já existentes e ao surgimento de novas situações de deslocamento durante o último ano, como a guerra na Ucrânia. Segundo o ACNUR, durante o auge da pandemia, em 2020, o reassentamento de refugiados caiu para 22.800 partidas, tendo voltado a crescer em 2021, quando foram realizadas 39.266 realocações.
De acordo com o documento, a maior parte das necessidades em 2023 virá de países no continente africano, onde pelo menos 662.012 refugiados precisam ser reassentados. Logo atrás nas estatísticas vem o Oriente Médio e Norte da África, com 463.930 pessoas, e a Turquia, com 417.200.
Quando se trata do país de origem, os refugiados sírios representam a população mais necessitada de reassentamento pelo mundo, com cerca de 777.800 pessoas. Eles ficam no topo da lista pelo sétimo ano consecutivo, visto que a crise síria continua sendo a maior situação de refugiados do planeta. De acordo com as estimativas, os refugiados afegãos ocupam a segunda posição da lista, com pelo menos 274.000 refugiados com necessidade de reassentamento.
Em seguida, estão refugiados da República Democrática do Congo, com cerca de 190.400 pessoas, Sudão do Sul, 117.600 pessoas e Mianmar, com mais de 114.000 pessoas, sendo a maioria rohingya apátrida. De acordo com o ACNUR, o reassentamento, processo que envolve a transferência de refugiados de um país de asilo para outro, que concorda em garantir a eles residência permanente, só está disponível para uma pequena parcela do total de refugiados do mundo.
O reassentamento continua sendo uma ferramenta essencial para salvar vidas, garantindo a proteção de algumas das pessoas mais em risco ou que têm necessidades específicas que não podem ser tratadas no país em que buscaram proteção. De todos os refugiados propostos pelo ACNUR para reassentamento no ano passado, 37% tinham necessidades legais e de proteção física, 32% eram sobreviventes de violência e/ou tortura e 17% eram mulheres, adolescentes, crianças e crianças em risco.