Papa Francisco pediu que países ricos perdoem dívidas de “países que nunca poderão pagá-las”
Foi lida nesta quarta-feira, 13, pelo Cardeal Pietro Parolin a mensagem do Papa Francisco aos participantes da COP 29, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que acontece em Baku, Azerbaijão, de 11 a 22 de novembro. Na mensagem, Francisco destaca que a preservação da natureza é uma questão urgente, relacionada diretamente com a paz.
Francisco assegurou sua proximidade aos participantes da Conferência e os encorajou a demonstrar, através da COP 29, “que existe uma comunidade internacional pronta a olhar para além dos particularismos e a colocar no centro o bem da humanidade e da nossa casa comum, que Deus confiou aos nossos cuidados e responsabilidades.”
A mensagem destaca que os dados científicos “não permitem mais atrasos e deixam claro que a preservação da criação é uma das questões mais urgentes do nosso tempo”, ressaltando que é necessário reconhecer que a preservação da natureza está, também, relacionada com a preservação da paz.
“A COP29 ocorre em um contexto condicionado pela crescente desilusão com as instituições multilaterais e tendências perigosas de construir muros”, sublinha o Papa, que lembra que “o egoísmo alimenta um clima de desconfiança e divisão que não responde às necessidades de um mundo interdependente”, no qual devemos viver todos como uma só família.
Francisco destaca que “o desenvolvimento econômico não reduziu a desigualdade”, pelo contrário, “favoreceu a priorização do lucro e dos interesses especiais em detrimento da proteção dos mais fracos”, contribuindo, ainda, para a piora nos problemas ambientais. “Para inverter a tendência e criar uma cultura do respeito pela vida e pela dignidade da pessoa humana, é necessário compreender que as consequências nefastas dos estilos de vida afetam a todos e moldar juntos o futuro”, ressalta o Papa, que afirma que as soluções devem ser propostas a partir de uma perspectiva global, que não defenda apenas o interesse de poucos.
O Papa pediu, ainda, esforços para que sejam encontradas soluções que não prejudiquem ainda mais os países que já estão sobrecarregados com “dívidas econômicas incapacitantes”. O Cardeal Parolin reiterou o apelo do Papa de que os países ricos “reconheçam a gravidade de muitas de suas decisões passadas e decidam perdoar as dívidas dos países que nunca poderão pagá-las”, algo que, mais do que generosidade, “trata-se de uma questão de justiça.”
Francisco destacou a necessidade de uma nova arquitetura financeira internacional, “que possa realmente garantir a todos os países, especialmente aos mais pobres e vulneráveis aos desastres climáticos, caminhos de desenvolvimento de baixo carbono e de alto compartilhamento que permitam a todos atingir seu pleno potencial e ver sua dignidade respeitada”. A mensagem exortou os participantes da COP 29 a recuperarem a esperança na capacidade da humanidade de encontrar saídas e resolver problemas. “Não há tempo para indiferença hoje. Não podemos lavar as mãos, com distância, com descuido, com desinteresse. Este é o verdadeiro desafio do nosso século”, destacou o Papa.
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação