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Citando a Encíclica Fratelli Tutti, Francisco afirmou que a guerra “deixa o mundo pior do que o encontrou”
Na tarde de terça-feira, 25, o Papa Francisco participou do encerramento do Encontro Internacional de Oração pela Paz com demais líderes cristãos e representantes das religiões mundiais, no Coliseu, em Roma. Durante sua fala, o pontífice ressaltou que a oração deste ano se tornou um “grito”, devido às constantes violações da paz que o mundo vive.
A iniciativa, promovida pela Comunidade de Santo Egídio, teve como tema “O grito da paz. Religiões e culturas em diálogo”. É a 36ª edição do evento, que acontece desde 1986, por desejo de São João Paulo II.
O Papa Francisco ressaltou que a paz é, constantemente, violada, mesmo na Europa, o continente que viveu no passado as duas guerras mundiais. “Infelizmente, desde então, as guerras nunca pararam de ensanguentar e empobrecer a terra, mas o momento que estamos vivendo é particularmente dramático. Por esta razão, elevamos nossa oração a Deus, que sempre escuta o grito angustiado de seus filhos”, disse.
Para o Papa, “a paz está no coração das religiões, em suas Escrituras e em sua mensagem”, e, também, “no silêncio da oração desta noite”, afirmou. “Ouvimos o grito da paz: a paz sufocada em tantas regiões do mundo, humilhada por muita violência, negada até mesmo às crianças e aos idosos, que não são poupados da terrível dureza da guerra. O grito da paz é muitas vezes silenciado não apenas pela retórica bélica, mas também pela indiferença, e pelo ódio que aumenta”, continuou Francisco.
O pontífice ainda citou um trecho da Encíclica Fratelli tutti: “Toda a guerra deixa o mundo pior do que o encontrou. A guerra é um fracasso da política e da humanidade, uma rendição vergonhosa, uma derrota perante as forças do mal”. Ele recordou que “o uso de armas atômicas, que depois de Hiroshima e Nagasaki continuaram sendo produzidas e testadas, agora é abertamente uma ameaça”, após ameaças de Putin de usar armamento nuclear na guerra contra a Ucrânia, que já gerou mais de 7,7 milhões de refugiados ucranianos em toda a Europa em nove meses de conflito.
O Papa, ainda ressaltou que, em “Deus, cujo nome é Paz”, “a voz daqueles que não têm voz é ouvida, e se funda a esperança dos pequenos e dos pobres”. Ele prosseguiu afirmando que a paz é um dom de Deus e “esse dom deve ser acolhido e cultivado por nós, homens e mulheres, especialmente por nós fiéis. Não nos deixemos contaminar pela lógica perversa da guerra, não caiamos na armadilha do ódio pelo inimigo. Coloquemos a paz no centro da visão do futuro, como objetivo central de nossa ação pessoal, social e política, em todos os níveis. Desarmemos os conflitos com a arma do diálogo”.
Francisco ainda ressaltou os progressos feitos na fraternidade entre as religiões: “Religiões irmãs que ajudam povos irmãos a viver em paz. Cada vez mais nos sentimos irmãos entre nós!”, disse. Ele ainda relembrou o encontro do ano passado, quando foi pedido pelo não uso das religiões em nome da guerra: “Somente a paz é santa e ninguém usa o nome de Deus para abençoar o terror e a violência. Se virem guerras ao seu redor, não desistam! Os povos desejam paz”.
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação Virtual