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Parceria entre Pastoral dos Migrantes e UFRR fortalece formação de alunos e apoio à população migrante em Roraima

Na manhã de quarta-feira, 30, teve início uma nova etapa da parceria entre a Pastoral dos Migrantes da Diocese de Roraima e a Universidade Federal de Roraima (UFRR), por meio do curso de Relações Internacionais. Um grupo de 31 alunos começou suas atividades de campo junto à equipe da Pastoral, em um estágio de três meses que promete ampliar não apenas os conhecimentos acadêmicos, mas também a sensibilidade e o compromisso social dos futuros profissionais.

A recepção do grupo aconteceu na Casa da Caridade Papa Francisco, localizada no centro de Boa Vista, onde a Pastoral dos Migrantes desenvolve diversas ações de apoio à população migrante que chega ao estado. A experiência dos estudantes será dividida entre diferentes setores da Pastoral, incluindo regularização migratória (com foco na pré-documentação e retirada de cédulas), ensino da língua portuguesa, comunicação-mídias, brinquedoteca e atendimento sociojurídico.

A professora Júlia Camargo, tutora da turma, destacou a importância da parceria como um elo entre teoria e prática. “Essa vivência permite que os estudantes compreendam mais profundamente os desafios reais enfrentados pelas populações em movimento e, ao mesmo tempo, fortaleçam seu olhar crítico e humanitário. É uma oportunidade única de aprendizado fora da sala de aula”, afirmou.

Desde o início da crise migratória na região, Roraima se tornou porta de entrada para milhares de pessoas, especialmente venezuelanas, em busca de melhores condições de vida. Nesse contexto, a Pastoral dos Migrantes tem sido uma referência no acolhimento e na promoção da dignidade humana.

A Irmã Terezinha Santin, coordenadora da Pastoral, ressaltou que essa parceria com a UFRR já acontece há anos e tem se mostrado essencial para ambos os lados: “Nós acreditamos que formar profissionais com consciência social é um passo fundamental para a construção de uma sociedade mais justa. Esses estudantes vivenciam de perto a realidade migratória de Roraima e contribuem com o seu tempo e seus saberes. Ao mesmo tempo, eles são preparados dentro de cada setor por profissionais que atuam diretamente com os migrantes. Isso cria um ambiente de aprendizado recíproco e de troca cultural muito rico”.

A coordenadora também pontuou que a atuação dos alunos vai além da observação. Eles participam efetivamente do atendimento e da organização das atividades, sempre supervisionados pelas equipes da Pastoral. “Eles saem com uma bagagem prática, também emocional e espiritual. É um contato humano que transforma vidas. E isso é muito importante em tempos onde muitas vezes o migrante é visto como número e não como pessoa”, complementou.

Durante o estágio, os alunos passam por um rodízio entre os setores para que possam conhecer diferentes áreas do trabalho humanitário. Na área de regularização migratória, por exemplo, aprendem sobre os procedimentos legais para obtenção de documentos básicos, como protocolo de refúgio e carteira de residência, para a permanência legal no Brasil. Já no setor de cursos de português, os estudantes acompanham o processo de ensino da língua como ferramenta de integração, apoiando aulas e interagindo com os alunos migrantes.

Outro espaço fundamental é a brinquedoteca, onde crianças migrantes são acolhidas enquanto seus responsáveis recebem atendimento. Os alunos da UFRR aprendem sobre o cuidado psicossocial e a importância de oferecer um ambiente seguro e lúdico para as crianças. No setor de comunicação, há atividades de registro, divulgação e produção de conteúdos informativos voltados à orientação da comunidade migrante. Já no atendimento sociojurídico, setor com muita demanda, os estudantes entram em contato com temas como direitos humanos, acesso à justiça, violência de gênero e assistência social.

O local onde tudo isso acontece, a Casa da Caridade Papa Francisco, abriga não apenas a Pastoral dos Migrantes, mas também outras organizações que atuam em parceria para oferecer uma rede de serviços que vai desde a alimentação até o suporte psicológico e jurídico. O espaço se tornou um símbolo do acolhimento em Boa Vista e recebe diariamente migrantes de diferentes nacionalidades em situação de vulnerabilidade.

Com essa ação de extensão, a UFRR reafirma seu compromisso com uma formação universitária conectada à realidade local e global. Para os alunos de Relações Internacionais, a convivência direta com migrantes e refugiados amplia a compreensão dos fenômenos de mobilidade humana, conflitos, integração e políticas públicas.

A expectativa, segundo a irmã Terezinha, é que essas parcerias se fortaleçam ainda mais nos próximos anos. “Precisamos de mãos e corações dispostos. E quando a universidade se aproxima da realidade do povo, ganham todos: os estudantes, os migrantes e a sociedade. É um trabalho de construção conjunta de pontes, e não de muros”, finalizou.

O estágio segue até o fim de julho e ao longo do período os alunos participarão também de treinamentos e momentos de conversa. A experiência promete marcar a trajetória acadêmica e humana de cada um deles, deixando um legado de solidariedade, empatia e compromisso com a justiça social.

Texto e fotos por Libia López, Assessoria de SPM, com o Serviço de Comunicação

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