O Vaticano divulgou nesta sexta-feira, 13, a Mensagem do Papa Leão XIV para o 9º Dia Mundial dos Pobres, que será celebrado em 16 de novembro com o tema “Tu és a minha esperança”. Nessa data, será celebrado o Jubileu dos Pobres, um dos últimos eventos do Ano Jubilar.
“No meio das provações da vida, a esperança é animada pela firme e encorajadora certeza do amor de Deus, derramado nos corações pelo Espírito Santo. Por isso, ela não decepciona”, escreve o Papa, destacando que “o Deus vivo é, verdadeiramente, o «Deus da esperança»”, que através da morte e ressurreição de Cristo se tornou a nossa esperança.
Para o Papa, os pobres podem se tornar testemunhas de uma “esperança forte e confiável, precisamente porque professada numa condição de vida precária, feita de privações, fragilidade e marginalização”, sem contar com as seguranças do poder e do ter. “A sua esperança só pode repousar noutro lugar. Reconhecendo que Deus é a nossa primeira e única esperança, também nós fazemos a passagem entre as esperanças que passam e a esperança que permanece”, ressalta.
“A pobreza mais grave é não conhecer a Deus”, afirma Leão, recordando a exortação apostólica Evangelii gaudium, do Papa Francisco, na qual ele sublinha que “a pior discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual”. Leão ressalta, ainda, que, embora importantes, os bens materiais, os prazeres do mundo e o bem-estar econômico “não são suficientes para fazer o coração feliz”, destacando que, muitas vezes, “as riquezas iludem e conduzem a situações dramáticas de pobreza, sendo a primeira dessas ilusões pensar que não precisamos de Deus e conduzir a nossa vida independentemente d’Ele.”
Leão recorda, ainda, que “a esperança cristã, à qual a Palavra de Deus remete, é certeza no caminho da vida, porque não depende da força humana, mas da promessa de Deus, que é sempre fiel” e que, por esse motivo, desde o início, os cristãos passaram a identificar a esperança com o símbolo da âncora, que traz estabilidade e segurança. “A esperança cristã é como uma âncora, que fixa o nosso coração na promessa do Senhor Jesus, que nos salvou com a sua morte e ressurreição e que retornará novamente no meio de nós”, afirma.
O Pontífice sublinha, ainda, que “a esperança, sustentada pelo amor de Deus derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo, transforma o coração humano em terra fértil, onde pode germinar a caridade para a vida do mundo”. Ele recorda, ainda, que a Tradição da Igreja reafirma a circularidade entre fé, esperança e caridade, ressaltando que a esperança nasce da fé, que a sustenta sobre o fundamento da caridade. “Precisamos de caridade hoje, agora”, ressalta, pontuando que quem carece de caridade carece também de fé e esperança e tira, ainda, a esperança do próximo.
“O convite bíblico à esperança traz consigo o dever de assumir, sem demora, responsabilidades coerentes na história”, afirma Leão, destacando que a caridade é “o maior mandamento social”. Ele ressalta, ainda, que a pobreza “tem causas estruturais que devem ser enfrentadas e eliminadas. À medida que isso acontece, todos somos chamados a criar novos sinais de esperança que testemunhem a caridade cristã”, assim como fizeram muitos santos e santos.
Ele recorda, ainda, que os hospitais e escolas são exemplos de instituições criadas para acolher os mais fracos e marginalizados. “Eles deveriam fazer parte das políticas públicas de todos os países, mas as guerras e as desigualdades frequentemente ainda o impedem”, afirma, destacando instituições como as casas-família, comunidades para menores, centros de acolhimento e escuta, refeições para os pobres, dormitórios e escolas populares como sinais de esperança, os quais muitas vezes não recebem muita atenção, “mas que são muito importantes para se desvencilhar da indiferença.”
“Os pobres não são um passatempo para a Igreja, mas sim os irmãos e irmãs mais amados, porque cada um deles, com a sua existência e também com as palavras e a sabedoria que trazem consigo, levam-nos a tocar com as mãos a verdade do Evangelho”, destaca Leão, que afirma que o Dia Mundial dos Pobres é uma ocasião para recordar que os pobres estão no centro de toda a ação pastoral. “Através das suas vozes, das suas histórias, dos seus rostos, Deus assumiu a sua pobreza para nos tornar ricos”, afirma o Papa, sublinhando que as várias formas de beleza, sem exclusão, “são um apelo a viver concretamente o Evangelho e a oferecer sinais eficazes de esperança.”
O Papa destaca, ainda, que esse é o convite que emerge do Jubileu e que não é por acaso que o Dia Mundial dos Pobres será celebrado no final desse ano jubilar, pontuando que, quando for fechada a Porta Santa, todos deverão conservar e transmitir os dons divinos que foram derramados ao longo desse ano. “Os pobres não são objetos da nossa pastoral, mas sujeitos criativos que nos estimulam a encontrar sempre novas formas de viver o Evangelho hoje. Diante da sucessão de novas ondas de empobrecimento, corre-se o risco de se habituar e resignar-se”, escreve.
“Promovendo o bem comum, a nossa responsabilidade social tem o seu fundamento no gesto criador de Deus, que dá a todos os bens da terra: assim como estes, também os frutos do trabalho do homem devem ser igualmente acessíveis”, afirma Leão, que sublinha que ajudar os pobres é uma questão de justiça, antes de ser uma questão de caridade.
O Papa Leão finaliza expressando seu desejo de que o Ano Jubilar incentive o desenvolvimento de políticas de combate à pobreza, tanto em suas antigas como novas formas, e de novas iniciativas de apoio aos mais pobres entre os pobres. “Trabalho, educação, habitação e saúde são condições para uma segurança que jamais se alcançará com armas”, afirma, parabenizando as iniciativas já existentes e o empenho manifestado por muitos homens e mulheres de boa vontade.
Por Amanda Almeida, do Serviço de Comunicação