Duas regiões estratégicas da África do Sul, Musina (Diocese de Tzaneen) e Kamhlushwa/Lebombo (Diocese de Witbank), tornaram-se centros de mobilização e resistência contra o tráfico humano e a defesa dos direitos de migrantes e refugiados em maio de 2025. Com mais de 400 participantes no total (lideranças, migrantes e refugiados), os encontros — promovidos pelo Departamento de Migrantes, Refugiados e Tráfico Humano da Conferência dos Bispos Católicos da África Austral (SACBC) — reuniram líderes religiosos, representantes de organizações civis e estatais, migrantes, refugiados e estudantes para denunciar, formar e fortalecer redes de proteção nas regiões fronteiriças com Zimbábue e Moçambique.
Em Musina, fronteira com Zimbabwe, entre os dias 11 e 14 de maio, a programação começou com uma impactante visita à fronteira de Beitbridge, onde a equipe da SACBC testemunhou a dramática realidade de mulheres e crianças aliciadas por redes criminosas. O workshop, realizado no dia 12 de maio, trouxe à tona a urgência de “tirar o tráfico humano das sombras”, como afirmou Jane Francis, da Rede Talitha Kum. A programação incluiu escuta ativa de migrantes, no dia 13 de maio, visitas nos abrigos da cidade e uma sessão de conscientização que envolveu mais de 1.600 estudantes na Escola Secundária Renaissance.
Já em Kamhlushwa, Lebombo (fronteira com Moçambique), nos dias 22 e 23 de maio, o foco recaiu sobre as vulnerabilidades da fronteira com Moçambique. Com 39 lideranças e 92 migrantes, os dois workshops realizados na Paróquia de São Kizito destacou os quatro verbos do Papa Francisco — acolher, proteger, promover e integrar — como resposta cristã ao drama do tráfico e a violação dos direitos humanos. Visitas a escolas locais impactaram mais de 1.700 alunos com mensagens de prevenção, enquanto o diálogo com migrantes expôs desafios como a documentação e o registro civil de filhos de pais indocumentados.
Os dois eventos revelaram um cenário alarmante, mas também um movimento crescente de conscientização e mobilização. Os apelos vindos das fronteiras insistem em mais políticas públicas, mais serviços legais acessíveis, mais redes de acolhida e mais ações pastorais consistentes. A Ir. Neide Lamperti, coordenadora da SACBC, sintetizou o espírito das iniciativas: “A Igreja deve ser uma casa sem fronteiras, presença solidária e voz profética onde a vida humana está ameaçada”.
As visitas e workshops realizados nas dioceses de Tzaneen (Musina) e Witbank (Kamhlushwa/Lebombo) foram organizados pelo Departamento de Migrantes, Refugiados e Tráfico Humano da SACBC (Conferência dos Bispos Católicos da África Austral), em parceria com a Rede Talitha Kum, a organização Lawyers for Human Rights, o National Freedom Network, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (UNHCR) e o Departamento de Assuntos Internos da África do Sul (Home Affairs).
As sementes lançadas em Musina e Lebombo são um grito conjunto contra a exploração e um chamado à ação. Em tempos de fronteiras marcadas por dor e silêncio, a fé e a solidariedade estão abrindo caminhos de justiça e dignidade.













































Por Ir. Neide Lamperti, com o Serviço de Comunicação