No ano em que celebramos os 130 anos da fundação da Congregação das Irmãs Scalabrinianas e da chegada de Madre Assunta Marchetti ao Brasil, traremos uma série de entrevistas para conhecer a realidade da missão das Scalabrinianas na Província Maria, Mãe dos Migrantes.
O Hospital Santa Luzia, de Capão da Canoa/RS, foi fundado nos anos 60 e, em 1963, foi doado às Irmãs Filhas de Santa Maria da Providência, com o objetivo de proporcionar à comunidade um melhor atendimento.
Em 10 de setembro de 1996, o hospital foi doado à Província Imaculada Conceição das Irmãs Scalabrinianas. Com a chegada das Scalabrinianas, os serviços de atendimento à saúde foram reorganizados e qualificados e a comunidade passou a contar com novos equipamentos e adequações do ambiente hospitalar, para a oferta de um hospital municipal capaz de dar suporte à comunidade e possibilitar o manejo de eventos de média complexidade, com segurança e tempo para transferências aos grandes centros, nos casos de alta complexidade.
As Scalabrinianas marcam presença nessa missão há 29 anos e, para conhecer mais essa missão, o Serviço de Comunicação entrevistou a Irmã Gertrudes Bordignon, que atua como enfermeira no Hospital Santa Luzia.
Confira a entrevista.
Qual é o perfil do público atendido pelo Hospital Santa Luzia?
Ir. Gertrudes Bordignon: O público que atendemos em sua maioria engloba pessoas idosas em abandono afetivo, pessoas em situação de rua, crianças em situação de acolhimento social, pessoas em situação de violência e famílias com baixo poder aquisitivo, em grande parte provenientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
A missão da congregação em Capão da Canoa tem o foco de prover atendimento médico hospitalar à população do município e mais 28 cidades vizinhas. Em 2024 foram realizados 110.731 atendimentos e 907 nascimentos e em 2025, até o dia 15/06, foram 31.132 atendimentos e 463 nascimentos.
Como as Scalabrinianas respondem às necessidades do público atendido?
Ir. Gertrudes Bordignon: Nosso principal propósito é atender a todos de forma acolhedora e humanizada, neste contexto as principais iniciativas adotadas partem de capacitação aos colaboradores para melhor atendimento, acolhimento especializado do Serviço Social em ações de recebimento e entrega de doações (roupas infantis e adultos, kits de maternidade, produtos de higiene) vindas de parceiros filantrópicos. Também trabalhamos de forma integrada com os serviços de atendimento ao público dos municípios parceiros.

Como a missão da Congregação se concretiza no dia a dia do Hospital?
Ir. Gertrudes Bordignon: A missão da Congregação busca a qualificação constante dos profissionais que atuam no Hospital Santa Luzia, bem como parcerias filantrópicas e suporte espiritual humanizado a pacientes e familiares que acolhemos em nossa instituição.
O dia a dia do trabalho nessa missão segue rotinas hospitalares onde somos procurados por um grande contingente de pacientes que migram em busca de saúde e acolhimento em nossa instituição.
Existe alguma parceria com outras organizações ou entidades?
Ir. Gertrudes Bordignon: Com intuito de arrecadar doações firmamos parceria com o governo do estado no programa Nota Fiscal Gaúcha e também contamos com a parceria filantrópica de grupos civis organizados da região, como o Lions Clube e cidadãos benevolentes dos municípios em que somos referência em atendimento, arrecadando anualmente milhares de roupas infantis e de adultos, kits de maternidade e produtos de higiene.
Há algum momento que tenha marcado sua trajetória?
Ir. Gertrudes Bordignon: Diariamente acolhemos centenas de pessoas em situação delicada por questões emocionais e de saúde. Elas sempre deixam marcas em nossos corações com suas trajetórias inspiradoras ou tristes, fazendo-nos lembrar que Deus está em toda parte.
Quais são os maiores frutos do trabalho do Hospital?
Ir. Gertrudes Bordignon: A missão colheu muitos frutos de grande valia à nossa comunidade, como a melhora da qualidade de saúde e vida de todos que acolhemos e o compartilhamento dos nossos sete valores congregacionais: acolhida, itinerância, comunhão na diversidade, universalidade, esperança e consciência ecológica.
Como as pessoas podem apoiar o trabalho das Irmãs Scalabrinianas nessa missão?
Ir. Gertrudes Bordignon: No Hospital Santa Luzia, nossa presença vai além dos cuidados médicos: levamos consolo espiritual, acolhimento humano e esperança, especialmente àqueles que se encontram mais fragilizados. Esta missão só é possível graças à Providência Divina e à solidariedade de tantos amigos que conquistamos em nossa trajetória.
Nossos amigos costumam nos ajudar de três formas: compartilhando nossa causa com sua comunidade e amigos; com doações de roupas, materiais de higiene, ou contribuições financeiras; e com suas orações elas sustentam nossa vocação e missão.
Pedimos que rezem por nós, pelas pessoas que atendemos e por todos os migrantes e doentes que carecem de conforto e paz.
O que significa para a senhora viver os 130 anos da fundação da Congregação em sua missão?
Ir. Gertrudes Bordignon: Estar celebrando os 130 anos de fundação da congregação significa estar vivendo o legado que nosso fundador São João Batista Scalabrini, a bem-aventurada Assunta Marchetti e o Venerável Pe. José Marchetti nos deixaram para dar continuidade na missão, mantendo vivo nosso carisma.
A bem-aventurada Assunta foi a primeira irmã a iniciar o atendimento a doentes na área da saúde e hoje continuamos mantendo vivo esse legado: acolhendo, protegendo, integrando e orientando todos que chegam à porta do hospital buscando mais vida e saúde.
Diante disso, resta dizer gratidão a Deus por tanto bem doado e vivido ao longo dos 130 anos dedicados junto aos migrantes e refugiados nas mais diversas realidades em que nos encontramos.
Do Serviço de Comunicação