Autorização veio após manifestações de ONGs sobre proibição de desembarque
Na terça-feira, 8, o governo da Itália autorizou o desembarque de 248 migrantes que haviam sido impedidos de sair dos navios de resgate. Os 35 migrantes homens que estavam a bordo do navio Humanity 1, da ONG SOS Humanity, desembarcaram no porto de Catânia. Além deles, os 213 migrantes a bordo do navio Geo Barrents, da ONG Médicos Sem Fronteiras, também foram autorizados a desembarcar no mesmo porto.
Os dois navios haviam atracado no porto de Catânia, no leste da Sicília, no fim de semana, onde desembarcaram cerca de 500 dos migrantes em situação mais vulnerável, conforme decisão das autoridades italianas. Outros 248 migrantes a bordo foram impedidos de desembarcar e os navios foram orientados a voltar ao mar com os sobreviventes restantes a bordo, decisão questionada pelas duas ONGs.
Ainda na terça-feira, o Ocean Viking, da ONG SOS Mediterrâneo, informou que estava deixando as águas da Sicília rumo à França com 234 imigrantes a bordo, depois que seus apelos à Itália ficaram sem resposta a partir de 27 de outubro. “A situação a bordo atingiu um limite crítico”, alertou Xavier Lauth, diretor de Operações da SOS Mediterrâneo. Segundo ele, os sobreviventes a bordo estão perdendo as esperanças e “alguns sobreviventes começaram a expressar intenções de saltar ao mar em desespero”, disse.
Ele ainda afirmou que essa ação extrema “é o resultado de uma falha crítica e dramática de todos os membros europeus e estados associados para ajudar a encontrar um Lugar de Segurança. Pedimos que uma solução imediata seja encontrada pelas autoridades marítimas francesas para os sobreviventes.”
Após a França ter aceitado receber os migrantes, o porta-voz do governo francês, Olivier Véran, afirmou que a Itália deve “desempenhar seu papel” e “respeitar seus compromissos europeus”, pela rádio Franceinfo. “Existem regras europeias extremamente claras que foram aceitas pelos italianos, que são, além disso, os primeiros beneficiários de um mecanismo europeu de solidariedade financeira”, recordou Véran, que considerou como inaceitável a “recusa de deixar o barco atracar”.
Também na terça-feira, 88 migrantes a bordo do navio Rise Above foram autorizados a desembarcar no porto italiano de Reggio Calabria. Segundo as autoridades italianas, a maioria dos sobreviventes a bordo eram menores de idade.
Na segunda-feira, 7, mais de 20 organizações da sociedade civil assinaram um comunicado conjunto pedindo o desembarque imediato dos migrantes, alguns dos quais estavam há mais de 15 dias no mar. Desde o início de 2022, mais de 88.000 migrantes já chegaram à Itália pelo Mar Mediterrâneo
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação Virtual