Mais de 1.500 migrantes morreram ou desapareceram no Atlântico desde o início de 2021
Na segunda-feira, 28, três homens migrantes de origem nigeriana foram resgatados pelo Serviço de Salvamento Marítimo da Espanha depois de sobreviverem a uma travessia de onze dias do Atlântico, agarrados ao leme de um navio. A viagem foi iniciada no porto de Lagos, Nigéria, e teve como destino Las Palmas, nas Ilhas Canárias.
Os três migrantes foram resgatados e levados para o porto para atendimento pelo Salvamar Nunki, depois de terem sido avistados sentados na lâmina do leme do navio petroleiro, a apenas meio metro da água. O lugar onde foram encontrados é um pequeno espaço localizado no topo da lâmina do leme, no exterior do casco, sob a popa, ao ar livre e à mercê de qualquer golpe do mar.
Após o atendimento de emergência no porto, os três homens foram encaminhados a hospitais, onde estão internados por desidratação moderada e hipotermia. Os migrantes viajaram clandestinamente no petroleiro “Alithini II”, que partiu de Lagos no dia 17 de novembro, de acordo com dados sobre sua rota do portal de rastreamento marítimo Marine Traffic.
Essa, no entanto, não é a primeira vez que migrantes são encontrados em um local tão perigoso em um navio: em novembro de 2020, outras três pessoas foram encontradas na lâmina do leme do Ocean Princess II e um mês antes, outros três estavam no Champion Pula. Os dois barcos tinham saído de Lagos.
De acordo com dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), desde o início de 2021, pelo menos 1.532 pessoas morreram ou desapareceram no Atlântico tentando chegar às Ilhas Canárias. O número, no entanto, pode ser ainda maior, devido aos chamados “naufrágios invisíveis”, quando os migrantes desaparecem sem uma operação de busca e salvamento em andamento.
Segundo um relatório publicado pela OIM na última quarta-feira, 23, mais de 50 mil pessoas perderam as vidas em rotas migratórias desde 2014. Dessas, mais da metade ocorreram em rotas para a Europa e dentro da Europa, sendo 25.104 delas apenas no Mar Mediterrâneo. Nas rotas europeias, existem 16.032 registros de desaparecidos no mar cujos restos mortais nunca foram recuperados. No total, mais de 30 mil pessoas nunca foram identificadas.
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação Virtual