Estamos vivendo o Tempo Pascal! A Ressurreição de Jesus não pode ser vista como um ato isolado, mas deve estar relacionada com toda a sua vida pré-pascal. Jesus viveu centrado no Deus do Reino e no Reino de Deus. Toda a sua vida teve esse foco, o Deus de sua fé reinava trazendo pão, saúde e alegria aos marginalizados da sua sociedade. Isso ficou bastante evidente nas curas que Jesus realizou e nas refeições compartilhadas com os rejeitados. Sobre as refeições, aquela considerada última marca ao mesmo tempo uma comunidade crise e a instituição pelo mestre do que deveria ser o fundamento das comunidades futuras. A última ceia de Jesus não foi um “happy hour”, mas uma ceia marcada por tensões e desconfianças, assim como pelo medo do que estava por vir em relação ao mestre. O evangelista João, ao trazer o episódio do Lava-pés, evidencia antes que o mestre amou os seus até o fim!
Jesus experimentou o silêncio de Deus e o abandono dos discípulos em alguns momentos de sua vida, mas sobretudo, no jardim após a ceia. Mais uma vez, Jesus assume o projeto do Reino em plena liberdade. Ele continuou apostando no amor de Deus que lhe invadiu o seu coração humano! Os acontecimentos sucessivos e o final já sabemos: traição, processo, julgamento, humilhação e morte. Nada daquilo que procedeu a ceia e o abandono no jardim, condizia com o amor que Jesus trazia no coração. Ele amou, não obstante o ambiente externo hostil que enfrentou. Com isso, ele nos ensinou que o amor dispensa legitimações externas, o amor não precisa ser correspondido! Enquanto Jesus ia sofrendo a violência do processo romano de crucificação, mais ele abria os braços, mais ele amava. Ao morrer de braças abertos, Jesus revela que seu coração humano amou um amor que jamais se fechou! E que não pode jamais morrer!
A fé da Igreja proclama que Jesus foi ressuscitado pelo Pai. O amor que Jesus amou foi definitivamente acolhido por Deus! O Pai estava de acordo! Deus é amor! O amor é capaz de superar até a morte! O amor jamais passará! Celebrar e viver a Páscoa é ousar dizer que nós também queremos viver esse amor! Jesus amou com um coração humano a plenitude do amor, e está vivo no meio de nós, nos convidando a viver e a testemunhar também esse amor. Na fragilidade típica dos nossos corações humanos. A Páscoa de Jesus continua na ação da Igreja, ou seja, nas nossas ações que vão além dos oito ou cinquenta dias. O dia da ressurreição, o primeiro dia da semana, não tem fim, não é uma semana fechada, mas aberta, porque o tempo que a percorre é tempo de salvação, da graça e da alegria. É o início de um novo tempo para quem ousar acreditar!
Por Wellington Barros