A Irmã Scalabriniana Rosita Milesi recebeu nesta segunda-feira, 14, em cerimônia em Genebra, Suíça, o Prêmio Nansen global, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). A premiação reconhece e celebra os trabalhos prestados por indivíduos, grupos ou organizações em prol dos refugiados.
O Alto Comissario do ACNUR, Filippo Grandi destacou a importância do trabalho de Irmã Rosita para a sociedade, em especial os migrantes e refugiados. Ele sublinhou o trabalho realizado junto ao governo brasileiro, na criação da Lei de Migração
“Uma certeza que eu tenho é que o caminho se faz caminhando”, destacou Irmã Rosita em seu discurso de agradecimento, recordando sua história, desde suas origens até seus votos religiosos, aos 19 anos.
Ela recordou a fundação, em 1985, do Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios (CSEM), onde fundou um departamento para a assistência de refugiados, migrantes e apátridas. Naquele momento, ela destacou, haviam centenas de pessoas aguardando soluções para seus status legais no Brasil.
Irmã Rosita recordou, também, a proposição de uma lei sobre refugiados em 1995, em parceria com o ACNUR. Um tópico era muito sensível: a definição de refugiados, que incorporava o espírito da Declaração de Cartagena. “Foi uma lei que colocou o Brasil na vanguarda, inovando e ampliando o conceito para incluir a grave e generalizada violação de direitos humanos como causa para reconhecimento da condição de refugiado”, pontuou.
Ela destacou, ainda, a fundação do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), em 1999, para atender, orientar, prestar assistência jurídica aos migrantes e refugiados. “Sinto-me feliz de dizer que não estou cansada de atuar nessa causa”, sublinhou Irmã Rosita, que compartilhou o prêmio com os refugiados, a família, a Congregação, representantes do governo, da sociedade e de entidades religiosas.
Irmã Rosita fez, ainda, um apelo “às autoridades que usam as armas que destroem a vida”, pedindo que sejam substituídas as armas pelo diálogo respeitoso e pacífico. “Até quando continuaremos a ver crianças inocentes sendo mortas pela insensatez das guerras ou definhando de fome em um planeta tão rico de recursos e possibilidades. Minha oração pelas crianças refugiadas e todas aquelas que já não podem chorar e nem sorrir porque lhe tiraram a vida”, afirmou.
Ela destacou, ainda, sua alegria em ver as mulheres sendo contempladas pelo Prêmio Nansen, destacando a sua resiliência como agentes de transformação. Irmã Rosita destacou, ainda, o legado de Nansen e pediu que todos possam agir com criatividade para buscar soluções que garantam proteção a todos os que precisam. “Com esperança, determinação e fé os caminhos abrem para que possamos caminhar e avançar”, finalizou Irmã Rosita.
Além de Irmã Rosita, outras quatro mulheres receberam o Prêmio Nansen a nível regional, são elas: Maimouna Ba (África), Jin Davod (Europa), Nada Fadol (Oriente Médio e Norte da África) e Deepti Gurung (Ásia-Pacífico). Além disso, o povo da Moldávia recebeu menção honrosa por atuar em apoio aos refugiados que fugiram da guerra na Ucrânia.
Assista novamente à cerimônia de premiação
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação