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O algoritmo da intolerância: como o conteúdo anti-migração se espalha?

Relatórios recentes apontam que vídeos gerados por Inteligência Artificial e narrativas de “invasão” acumulam bilhões de visualizações, desafiando a moderação da plataforma e impactando a vida real de migrantes.

Enquanto milhões de usuários utilizam o TikTok para entretenimento, uma rede invisível de desinformação e discurso de ódio contra migrantes floresce no “feed” de jovens e adultos ao redor do mundo. O que antes eram comentários isolados transformou-se em uma máquina de propaganda que utiliza desde “deepfakes” de telejornais até áudios manipulados para espalhar medo e xenofobia.

A Ascensão do “Slop” de IA: Desinformação em Escala

Um estudo recente da organização AI Forensics revelou um cenário alarmante: centenas de contas automatizadas estão utilizando Inteligência Artificial para inundar o TikTok com conteúdos anti-imigração. Estes perfis publicam até 70 vezes por dia, frequentemente simulando segmentos de notícias falsas de canais como Sky News ou ABC para dar uma aparência de legitimidade a dados inventados.

Somente em um período de 30 dias, pesquisadores identificaram que mais de 350 dessas contas acumularam 4,5 bilhões de visualizações. A tática é conhecida como “gamification” do algoritmo: postar volumes massivos de conteúdo para que, estatisticamente, alguns se tornem virais e alcancem o público em geral.

As Narrativas Mais Comuns

De acordo com o Institute for Strategic Dialogue (ISD), o conteúdo anti-migrante no TikTok geralmente se baseia em três pilares:

  1. A “Invasão”: Vídeos que retratam a chegada de migrantes como uma ameaça militarizada ou um plano para substituir a população local.
  2. Criminalização: Uso de estatísticas falsas ou casos isolados de crimes para rotular grupos inteiros como inerentemente perigosos.
  3. Impacto Econômico: Narrativas que culpam migrantes pela crise no sistema de saúde, falta de moradia ou desemprego, ignorando dados econômicos reais.

O “Efeito Espiral” do Algoritmo

O grande diferencial do TikTok em relação a outras redes é o seu algoritmo de recomendação. Especialistas alertam para o “efeito espiral”: quando um usuário para para assistir a um vídeo sobre política migratória por curiosidade, o sistema entende o interesse e passa a entregar conteúdos cada vez mais extremos.

“O algoritmo não distingue entre verdade ou mentira; ele prioriza o engajamento emocional. E nada gera mais engajamento do que o medo e a raiva”, explica um analista de segurança digital.

O Impacto na Vida Real

A desinformação digital tem consequências físicas. Em 2024 e 2025, diversos países registraram protestos e ataques contra centros de acolhimento de refugiados que foram diretamente impulsionados por boatos que viralizaram no TikTok.

Para as comunidades migrantes, o impacto é duplo: além da hostilidade nas ruas, há o medo constante de serem expostos ou terem seus perfis de apoio derrubados por denúncias em massa organizadas por grupos extremistas.

A Resposta das Plataformas

Em resposta, o TikTok afirma que removeu milhões de vídeos por violação de suas políticas de discurso de ódio. A empresa destaca que investe em modelos de aprendizado de máquina para detectar desinformação e que exige que conteúdos gerados por IA sejam rotulados.

No entanto, organizações de direitos humanos argumentam que a moderação é lenta e insuficiente, especialmente em línguas que não o inglês, e que as contas banidas frequentemente retornam com novos nomes em poucas horas (o chamado “efeito hidra”).

Como Identificar e Combater

Não Engaje: Comentar ou compartilhar (mesmo que para criticar) ajuda o algoritmo a distribuir o vídeo para mais pessoas. A melhor ação é a denúncia silenciosa através das ferramentas da plataforma.

Verifique a Fonte: O vídeo parece um telejornal? Verifique se aquele âncora realmente existe ou se o áudio não está sincronizado com a boca.

Desconfie de Números Absurdos: Dados sobre migração costumam vir de órgãos oficiais como a ONU ou o IBGE.

Por Wellington Barros, do Serviço de Comunicação

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