Desde 2014, mais de 65 mil migrantes morreram em rotas migratórias pelo mundo
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) publicou na terça-feira, 04, o “Relatório de Mapeamento para Serviços de Proteção, uma abordagem baseada em rotas para serviços de proteção ao longo de rotas de movimento misto”, no qual destacou que as rotas migratórias, em especial entre a África e a Europa, estão se tornando cada vez mais perigosas.
Durante uma conferência de imprensa no Palais des Nations, em Genebra, o Enviado Especial do ACNUR para a situação do Mediterrâneo Ocidental e Central, Vincent Cochetel, afirmou que anualmente milhares de migrantes e refugiados arriscam suas vidas em rotas migratórias que se estendem “do Leste e do Chifre da África e da África Ocidental em direção à costa atlântica do Norte de África, e através do Mar Mediterrâneo Central até à Europa”. Além de migrantes da África, ele recorda que pessoas de países da Ásia e do Oriente Médio, como Bangladesh, Egito, Paquistão e Síria, também utilizam essas rotas para tentar chegar à Europa.
“Os horrores enfrentados pelos refugiados e migrantes ao longo destas rotas são inimagináveis. Tragicamente, muitos deles morrem ao atravessar o deserto ou perto das fronteiras, e a maioria deles sofre graves violações dos direitos humanos no caminho”, afirmou o Enviado Especial do ACNUR, que sublinhou a falta de serviços de proteção que forneçam alternativas às perigosas viagens empreendidas pelos migrantes ou que ajudem a reduzir seu sofrimento ao longo das rotas.
Cochetel destaca que muitos migrantes subestimam os riscos das viagens, enquanto outros são vítimas dos contrabandistas e traficantes de pessoas. “A ausência de serviços críticos está colocando os refugiados e migrantes em grande risco de danos e morte, e também desencadeia movimentos secundários perigosos”, afirmou.
De acordo com o projeto Missing Migrants, da Organização Internacional para as Migrações (OIM), pelo menos 65.312 migrantes morreram ou desapareceram em rotas migratórias de todo o mundo desde 2014. Os maiores números de mortes e desaparecimentos são registrados nas rotas do Mediterrâneo, com 29.827, e do continente africano, com 14.853.
O relatório documenta o impacto negativo de novas crises na disponibilidade de recursos para a prestação de serviços de proteção, entre elas a crise de deslocamento no Sudão, que já gerou cerca de 10 milhões de deslocados internos e outros 2 milhões de refugiados em outros países. Também são apresentadas as situações na Argélia, Burkina Faso, Camarões, Chade, Costa do Marfim, Djibouti, Egito, Etiópia, Líbia, Mali, Mauritânia, Marrocos, Níger, Somália e Sudão.
O “Relatório de Mapeamento para Serviços de Proteção, uma abordagem baseada em rotas para serviços de proteção ao longo de rotas de movimento misto” fornece, ainda, informações personalizadas para refugiados e migrantes sobre os serviços de proteção e assistência que estão atualmente disponíveis nas diferentes rotas migratórias
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação, com informações do ACNUR