No dia 21 de junho, Matheus Guaiados, 27 anos, foi morto a tiros nos Estados Unidos da América. O caso aconteceu depois de Matheus, que trabalhava como entregador de flores, brincar com um cachorro na rua.
Durante uma de suas entregas, ele passou por um casal com um cachorrinho e teria elogiado e brincado com o animal. O norte-americano não gostou e deu um tapa no rosto de Matheus. O jovem revidou, jogou o buquê de flores no homem e em seguida, o norte americano sacou uma arma e atirou à queima roupa.
Matheus foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. O atirador e a mulher que estava com ele foram detidos pela polícia americana. Mas até a quarta-feira, 27, ninguém tinha sido preso.
O jovem morava na Califórnia após ter decidido sair do Brasil por medo da violência. A mãe de Matheus, Isabel Martines, viajou aos EUA quando soube da morte do filho. “Ainda não tive contato nem para reconhecer o corpo do meu filho. Falaram que o detetive está de folga e só poderá nos atender na terça-feira às 8 horas”, declarou Isabel à TV Record.
Violência gratuita
Em 29 de abril deste ano, outra brasileira, Raissa Garcia foi espancada e vítima de xenofobia na cidade de Framingham, em Massachusetts. Segundo relato da brasileira, ela estava dentro de seu carro quando uma norte-americana passou em outro veículo e fez ataques xenofóbicos, com frases do tipo “volte para o seu país”.
A agressora teria parado o carro em frente ao automóvel da brasileira e passado a agredi-la. O caso foi filmado e é possível ouvir, nas imagens, a vítima pedindo às pessoas que chamem a polícia.
A brasileira perdeu um dente, deslocou um braço e disse que está muito “abalada psicologicamente”. Em entrevista a uma rádio local, contou que sua agressora era mais alta e forte que ela, e portava um canivete ou um punhal na mão.
“Ninguém vem para esse país em busca disso e [essas agressões] estão se tornando cada vez mais recorrentes”, disse a brasileira na entrevista.
A norte-americana foi presa e liberada após pagar fiança de R$ 12,6 mil.
Brasileiros nos Estados Unidos da América
A última edição do estudo Comunidade Brasileira no Exterior, publicada pelo Ministério das Relações Exteriores em 2022, mostrou que, até 2021, 1.905.000 brasileiros viviam, legal ou ilegalmente nos EUA. O Consulado-Geral do Brasil em Boston, que abrange a região onde Raíssa Vive, é o terceiro com maior contingente de brasileiros no país: 380 mil, atrás apenas de Nova York e Miami.
De acordo com a última estatística, 43% de todos os cidadãos brasileiros expatriados vivem nos EUA. Os dados de emissões de green card, ou seja, de pessoas que conseguem a residência permanente e legalizada, também estão em ascensão. Segundo a AG Immigration, a expectativa é de que o balanço de 2022, que ainda não foi divulgado, estabeleça um novo recorde.
Os 136 mil green cards concedidos na década de 2011 a 2020 superam as estatísticas das duas décadas anteriores, quando se iniciou a série histórica.
Emissão de green cards a brasileiros nos últimos cinco anos
2017 14.989
2018 15.394
2019 19.825 (recorde)
2020 16.746
2021 18.351
Você sabe o que é xenofobia?
A xenofobia refere-se à hostilidade e ao ódio manifestado contra pessoas por elas serem estrangeiras (ou por serem enxergadas como estrangeiras). Atitudes xenofóbicas manifestam-se contra diferentes grupos em todo o planeta. Na Europa, por exemplo, os árabes e muçulmanos têm sido alvo de grande preconceito, assim como os mexicanos e latinos, em geral, nos Estados Unidos da América. No Brasil se vivencia esse problema, principalmente, contra os imigrantes venezuelanos e haitianos.
A palavra xenofobia surgiu da junção de duas palavras do idioma grego: xénos (estrangeiro, estranho) e phóbos (medo). Significa, portanto, “medo do diferente” ou “medo do estrangeiro”.
Os gestos de xenofobia estão, de modo geral, relacionados a questões históricas, sociais, econômicas, culturais ou religiosas. São decorrentes do desconhecimento do outro e surgem acompanhados de estereótipos que reforçam o preconceito sobre determinado grupo. Em muitos casos, atitudes xenofóbicas provocam comportamentos violentos e discriminatórios.
Por Nayá Fernandes, da Equipe de Comunicação, com informações de Record, UOL e O Globo