Mais de 2 mil migrantes já morreram ou desapareceram no Mediterrâneo em 2023
Segundo a ONG Sea-Watch, seu navio Aurora, usado para o resgate de migrantes em perigo no Mar Mediterrâneo, foi interditado por autoridades italianas nesta segunda-feira, 21, após um resgate de cerca de 37 horas.
De acordo com as informações divulgadas pela ONG, a interdição vale por 20 dias e aconteceu após o desembarque em Lampedusa de 72 pessoas resgatadas. Autoridades italianas haviam designado o porto de Trapani, a cerca de 280 quilômetros da posição do navio, como Porto Seguro para desembarque.
“Apesar de mais de 24 horas no mar e um sol implacável aumentando a temperatura a bordo para mais de 46 graus, no sábado, 19 de agosto, as autoridades italianas ainda insistiam em Trapani como o POS designado”, disse a Sea-Watch em nota. Segundo a ONG, as pessoas a bordo correram sério risco de desidratação e uma pessoa foi encontrada inconsciente.
Devido ao esgotamento do estoque de água potável e à falta de combustível para seguir até o porto de Trapani, a tripulação do Aurora decidiu ir até Lampedusa, para que pudesse ser garantida a segurança dos migrantes resgatados.
De acordo com a ONG, autoridades italianas sugeriram que o navio buscasse um porto na Tunísia quando foram informados de que o porto designado era impossível de alcançar. “A Tunísia não é um país de origem seguro nem um porto seguro, conforme indicado minuciosamente pela Human Rights Watch. Dessa forma, em vez de assumir sua responsabilidade legal, o Estado italiano tentou ativamente desviar-se de seus deveres”, afirmou em nota.
De acordo com a Frontex, a agência da União Europeia para controle de fronteiras, as travessias de migrantes no Mar Mediterrâneo aumentaram 115% no primeiro semestre de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado. Sendo a rota mais ativa para a UE, 89.047 migrantes cruzaram a rota até julho.
Segundo o projeto Missing Migrants da OIM (Organização Internacional para as Migrações), pelo menos 2.260 migrantes morreram ou desapareceram no Mediterrâneo desde janeiro de 2023, sendo a maioria (2.012) no Mediterrâneo Central.
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação