De acordo com uma pesquisa lançada na segunda-feira, 07, ações de acolhimento e integração da população venezuelana no Brasil ainda necessitam de maior articulação com outras políticas públicas, em diferentes níveis de governo, com atenção a questões que envolvem mulheres e meninas. A pesquisa foi conduzida pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), ONU Mulheres e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), com o apoio do Governo de Luxemburgo.
Entre os resultados mostrados pela pesquisa estão avanços importantes na integração de venezuelanos interiorizados de forma voluntária de Boa Vista, que somam mais de 150 mil pessoas interiorizadas desde 2018. Entre os dados apontados pela pesquisa, está o aumento de 12% no rendimento médio mensal individual e de 8% no rendimento domiciliar per capita. No entanto, o documento destaca que, apesar dos avanços, persistem as desigualdades entre homens e mulheres na inserção laboral e acesso a serviços essenciais.
De acordo com a pesquisa, as mulheres representam apenas 32,63% da população interiorizada na modalidade Vaga de Emprego Sinalizada (VES) e constituem maioria na modalidade de reunificação familiar, com 53,64%. Além disso, as mulheres também são maioria entre as pessoas abrigadas, com 52%, enquanto os homens representam 48%.
Além disso, a pesquisa aponta que homens sem filhos e com maior nível educacional têm maiores chances de conseguirem oportunidades de interiorização voluntária de Roraima para outros estados brasileiros. Enquanto isso, as mulheres enfrentam mais vulnerabilidades, sendo maioria entre as chefes de famílias monoparentais e apresentando maiores taxas de desemprego e trabalho informal.
Segundo o documento, em geral, o perfil educacional das pessoas abrigadas é mais baixo que o de pessoas venezuelanas interiorizadas e de pessoas brasileiras residentes em Roraima e é possível perceber uma piora desse perfil entre 2021 e 2023, com maior proporção de pessoas sem instrução, no nível fundamental e com ensino médio incompleto. De acordo com a pesquisa, isso aponta “gargalos” no acesso à educação por pessoas abrigadas, que podem derivar de diversos fatores, como a provisoriedade de sua condição, chegada recente, pouco tempo de permanência no Brasil e questões relativas à compreensão da língua.
A pesquisa completa está disponível em: https://www.onumulheres.org.br/pesquisa-moverse/
Por Amanda Almeida, do Serviço de Comunicação, com informações do ACNUR