Mais de 36 milhões de pessoas estão refugiadas em todo o mundo
Em um artigo de opinião publicado pelo jornal britânico The Guardian no domingo, 10, o Alto Comissário do ACNUR, Filippo Grandi, afirmou que o número de refugiados no mundo dobrou nos últimos sete anos. O texto fala, ainda, do Fórum Global sobre Refugiados, que começou nessa quarta-feira, 13.
As estimativas mais recentes do ACNUR mostram que, atualmente, existem 114 milhões de pessoas deslocadas em todo o mundo, incluindo 36,4 milhões de refugiados. “Essa população global refugiada dobrou nos últimos sete anos, um reflexo da violência e das violações dos direitos humanos que parecem estar afligindo mais e mais países”, afirmou o Alto Comissário no texto.
Grandi destaca no texto que, em vez de abordar as causas dos deslocamentos, os Estados estão cortando a ajuda humanitária. “Ouvimos discursos duros – principalmente de Estados ricos e com recursos abundantes – sobre rejeitar pessoas de fora, dificultando a busca pelo direito ao asilo e transferindo a responsabilidade para outros”, afirmou ele, ressaltando que o 2º Fórum Global sobre Refugiados é um momento “muito necessário de unidade global”, no qual instituições, governos, agências da ONU, sociedade civil, entre outros, se reunirão para buscar soluções para enfrentar os desafios do deslocamento forçado.
Segundo o Alto Comissário do ACNUR, pelo menos 75% das pessoas refugiadas estão em países vizinhos aos seus, a maioria países de baixa e média renda. Ele lembrou, ainda, sobre as várias crises de deslocamento em curso no mundo, como no Sudão, na Etiópia, na Síria, no Afeganistão e na República Democrática do Congo, que foram deixadas de lado pela mídia internacional após o início da “terrível violência em Israel e no Território Palestino Ocupado.”
“No entanto, essa nova rodada do conflito israelense-palestino nos deu uma evidência terrível do que acontece quando os elementos essenciais para uma paz justa e duradoura são negligenciados”, afirmou no artigo. Grandi ainda refletiu sobre as pausas temporárias na violência como “estratégia”, repetida em diversos conflitos pelo mundo.
O Alto Comissário destacou, ainda, sobre os outros desafios e crises enfrentados, entre eles os naufrágios e afogamentos de migrantes e refugiados em rotas migratórias por todo o mundo que, desde 2014, já fizeram mais de 36 mil mortes, segundo o projeto Missing Migrants, da Organização Internacional para as Migrações (OIM). Além disso, ele afirma que “a perseguição, os abusos dos direitos humanos e as violações do direito internacional tornaram-se a norma, não a exceção.”
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação, com informações do ACNUR